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O dia nacional da inovação

Por Felipe Gutterres
Atualização:
Felipe Gutterres. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A origem da palavra inovação vem do latim INNOVARE, que quer dizer mudar, renovar, buscar o novo. O ser humano é atraído e ao mesmo tempo intrigado pelo novo, existem campos da psicologia que tratam inclusive da neofobia, o medo do novo e as reações negativas às mudanças. Ocorre que, no mundo atual, estamos sendo invadidos, transformados e levados pelo novo a uma velocidade jamais vista.

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A inovação não é uma prerrogativa apenas do nosso tempo, grandes inovações completamente transformacionais marcaram a história, principalmente nos últimos quatro séculos, com concentração especial nos séculos XX e início do século XXI. O ponto aqui não é a existência ou não da inovação, mas a velocidade com que vem acontecendo. O grande catalisador para essa aceleração sem precedentes vem da tecnologia disponível e da redução dramática do seu custo nas últimas décadas.

Empreender usando a tecnologia nunca foi tão barato, chegar a milhões de potenciais consumidores nunca foi tão fácil, como também nunca houve tanta competição e tanta disrupção de modelos de negócio em um espaço de tempo tão curto. Com a tecnologia evoluindo exponencialmente, aquele modelo de negócio que vem crescendo linear e organicamente passa a ser um forte candidato a disrupção. São exemplos, entre outros, o iTunes, descontinuado pela Apple e com suas funcionalidades separadas em vários outros apps depois que seu modelo de negócio foi disruptado pelo Spotify e Deezer; os investimentos das grandes cervejarias em diversas arenas competitivas: artesanais, premium, mainstream; e a revolução no mercado de investimentos pessoais trazida pela XP no Brasil e pela Robinhood, que é a melhor plataforma móvel de investimentos dos EUA.

Existem vários exemplos também de negócios que apresentaram crescimento exponencial, revolucionando a forma como vemos o mundo hoje. Apenas para citar alguns: Amazon, Airbnb, Google, Apple, Whatsapp, Twiter, Wechat e Instagram. Do outro lado, temos vários casos de companhias de tecnologia que apresentaram esse mesmo tipo de crescimento, mas ficaram no meio do caminho, seja porque a jornada não foi sustentável, seja porque uma nova tecnologia as suplantou. É o caso da Palm, que chegou a ter valor de USD 53 bilhões; da Compaq, que chegou a valer USD 40 bilhões; e da Theranos, que valeu USD 10 bilhões em 2014. Algumas empresas recentes também começaram a mostrar sinais de fadiga nos seus modelos de negócios, como é o caso do Wework, que passa por uma profunda reorganização; e as empresas de patinetes Yellow e Grin, que fecharam suas operações em 14 cidades brasileiras.

É importante também entendermos que o Brasil não está bem posicionado em inovação dentre as nações de nossa região e globalmente. Segundo o WIPO, o World Intelectual Property Organization, em seu relatório de 2019, as três principais economias da inovação na América Latina e Caribe foram Chile, Costa Rica e México. Mesmo quando falamos de desempenho em inovação em países com diferentes níveis de renda, o Brasil ocupa a décima-quarta colocação entre os de renda média superior. Isso é um problema, mas também uma grande oportunidade, que deveria unir a iniciativa privada e os governos para acelerar a digitalização de nossa economia por meio de um grande foco em inovação. A inovação e a tecnologia têm um grande poder de inclusão social.

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Se entendermos que inovação é fusão de talentos, criatividade e tecnologia, sabemos o que temos, qual dever de casa precisamos fazer e que ações temos que tomar. A questão é de coordenação e execução.

A pandemia de Covid 19 acelerou a digitalização enormemente, estamos vivendo 20 anos em dois e isso exige novas competências de todos que exercemos papéis de liderança. Temos que reorganizar os nossos "skills set" e nos tornarmos mais digitais. Os líderes atuais não podem acomodar-se em crenças cristalizadas de que os seus modelos de negócio estão a salvo. As reflexões estratégicas precisam ser mais ativas, profundas e provocativas.

Sou fã da abordagem focada no "Now, New, Next", do Gordon, Mckinsey & Company 2016, para visitar os ciclos de negócio, assim como também reconheço que é papel dos Conselhos de Administração mapearem o que inevitavelmente acontecerá com os seus modelos de negócio e promoverem reflexões e discussões estratégicas lúcidas para que, junto com a gestão de suas empresas, possam modificar, ajustar ou partir para outros negócios.

O dia da inovação é todo dia!

*Felipe Gutterres, economista especializado em estratégia e desenvolvimento de negócios e conselheiro da Fábrica de Startups

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