PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

'O confronto institucional não interessa a ninguém', dizem presidentes dos Tribunais de Justiça após ataques do deputado Daniel Silveira

Colégio de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil divulgou nota de repúdio às declarações do bolsonarista; Câmara decide nesta sexta-feira, 19, se parlamentar continua preso

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Os ataques dirigidos ao Supremo Tribunal Federal (STF), que levaram o deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-SP) à prisão, provocaram reações na cúpula dos tribunais do País.

PUBLICIDADE

Diante das declarações, o Colégio de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil se reuniu para subscrever uma nota formal de repúdio. A manifestação, divulgada na quinta-feira, 18, diz que os ataques demandam 'repulsa séria'.

"Se o exemplo fornecido por agentes políticos envolve o desrespeito às instituições democráticas, o Poder Judiciário e, em especial, o Supremo Tribunal Federal, o reflexo negativo para a democracia será imensurável", diz um trecho da nota assinada pelo presidente do colegiado, desembargador Geraldo Francisco Pinheiro Franco, que dirige o Tribunal de Justiça de São Paulo.

O deputado Daniel Silveira (PSL-RJ). Foto: Câmara dos Deputados

Os presidentes dos tribunais também lamentaram a crise política aberta em meio à pandemia do novo coronavírus. "Precisamos de união no combate às crises de saúde pública e econômica decorrentes do perigoso vírus, e não crises políticas sucessivas que dividem ainda mais a já polarizada sociedade brasileira", escreveram.

Ex-policial militar e integrante da ala bolsonarista do PSL, Daniel Silveira foi preso após publicar um vídeo (assista abaixo) em suas redes sociais fazendo apologia à ditadura militar e discurso de ódio contra ministros do Supremo Tribunal Federal. Ele ficou famoso ao quebrar uma placa que homenageava a vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, na campanha eleitoral daquele ano. Seu destino está agora nas mãos da Câmara dos Deputados. O plenário vai decidir sobre a prisão nesta sexta-feira, 19.

Publicidade

Assista ao vídeo

O presidente do TJ-SP, Geraldo Francisco Pinheiro Franco. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Leia a íntegra da nota:

Os sérios ataques dirigidos ao Poder Judiciário, e em particular aos Ministros do Supremo Tribunal Federal, demandam uma repulsa igualmente séria.

O confronto institucional não interessa a ninguém, não interessa ao Brasil. E nunca partirá do Judiciário ou da Corte Suprema. A Constituição Federal de 1988 possui diversos mecanismos jurídicos aptos à solução de eventuais divergências entre as autoridades constituídas, o que torna incompreensíveis e injustificáveis manifestações que atacam integrantes do Poder Judiciário em razão do regular exercício de suas atividades. E mais graves serão os ataques se provenientes de autoridades públicas que devem estrito respeito ao princípio da separação dos poderes.

As aleivosias, ofensas graves e as ameaças dirigidas a Ministros do Supremo Tribunal Federal causam intranquilidade à nação. Mensagens que pregam abertamente o desrespeito a decisões judiciais, como se fosse possível dentro de nossa ordem constitucional a desobediência ao Poder Judiciário, ensejam dúvidas quanto ao compromisso de alguns agentes políticos com a democracia. As reiterações desses comportamentos provocam fundadas suspeitas a respeito de ação dinamizada ao caos institucional, indicando-se a tentativa de justificar o injustificável: a ruptura institucional. Já foi dito em outra ocasião pelo Ministro Cezar Peluso: "só uma nação suicida ingressaria voluntariamente em um processo de degradação do Poder Judiciário".

Publicidade

Se o exemplo fornecido por agentes políticos envolve o desrespeito às instituições democráticas, o Poder Judiciário e, em especial, o Supremo Tribunal Federal, o reflexo negativo para a democracia será imensurável.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Em algum momento de nossa história recente alguns perderam o bom senso. A polarização candente só nos trouxe danos, só causou dor aos brasileiros. E assim não progrediremos como nação que se busca justa.

Impressiona que o Brasil, a sofrer as terríveis consequências ligadas à atual pandemia, tenha ainda que passar a todos a ideia de instabilidade institucional. O ataque à democracia, por evidente, nunca é oportuno. As posições inequivocamente contrárias ao Estado Democrático de Direito violam regras constitucionais. Precisamos de união no combate às crises de saúde pública e econômica decorrentes do perigoso vírus, e não crises políticas sucessivas que dividem ainda mais a já polarizada sociedade brasileira.

Refutando os graves ataques ao Poder Judiciário Nacional e ao Pretório Excelso, o Colégio de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil externa sua solidariedade e respeito ao Supremo Tribunal Federal e aos Eminentes Ministros daquela Corte.

Desembargador Geraldo Francisco Pinheiro Franco

Publicidade

Presidente do Colégio de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.