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'O combate à corrupção no Brasil tornou-se refém de fanáticos', reage Gilmar à ameaça de morte de Janot

Em nota divulgada nesta sexta, 27, ministro do Supremo se diz 'surpreso' com a revelação do ex-procurador-geral da República de que pretendia matá-lo a tiros dentro da Corte; 'certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País'

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Foto do author Pepita Ortega
Por Fausto Macedo e Pepita Ortega
Atualização:

O ministro Gilmar Mendes. Foto: Gabriela Biló/Estadão

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo, disse em nota nesta sexta, 27, que 'o combate à corrupção no Brasil, justo, necessário e urgente, tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder'. O ministro reagiu às declarações do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot que revelou plano para matá-lo a tiros.

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"Não ia ser ameaça não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele (Gilmar) e depois me suicidar", disse o ex-chefe do Ministério Público Federal ao Estado na quinta, 26.

"Dadas as palavras de um ex-procurador-geral da República, nada mais me resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia", disse Gilmar, em nota.

Ele anotou que 'dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurou evidenciar tais desvios'.

Em outro trecho de seu texto, Gilmar provocou. "Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer."

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Na entrevista ao Estado, Rodrigo Janot, que ficou no cargo por dois mandatos, contou que, em 2017, em um momento mais tenso de sua passagem pelo cargo, chegou a pensar no assassinato de Gilmar, quando o ministro citou sua filha como advogada da empreiteira OAS.

Ao Estado, Janot disse que foi ao Supremo armado, antes da sessão, e encontrou Gilmar 'na antessala do cafezinho da Corte'.

"Ele estava sozinho", disse. "Mas foi a mão de Deus. Foi a mão de Deus", repetiu o procurador ao justificar por que não concretizou a intenção. "Cheguei a entrar no Supremo (com essa intenção)", relatou. "Ele estava na sala, na entrada da sala de sessão. Eu vi, olhei, e aí veio uma 'mão' mesmo."

Na nota, Gilmar disse. "Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País."

O ministro recomendou a Janot que 'procure ajuda psiquiátrica'.

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LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DE GILMAR

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"Dadas as palavras de um ex-procurador-geral da República, nada mais me resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia.

O combate à corrupção no Brasil - justo, necessário e urgente - tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder. Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios. E continuarei a fazê-lo em defesa da Constituição e do devido processo legal.

Confesso que estou algo surpreso. Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer.

Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País.

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Recomendo que procure ajuda psiquiátrica.

Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal."

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