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O carregador de malas de Sérgio Machado

Felipe Parente, que trabalhou na campanha do ex-presidente da Transpetro ao governo do Ceará, em 2002, foi o responsável pela maioria das entregas de dinheiro em espécie para políticos do PMDB, entre eles Renan Calheiros, José Sarney e Roméro Jucá

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Ricardo Brandt , Isadora Peron , Gustavo Aguiar , Fausto Macedo e Mateus Coutinho
Atualização:

 Foto: TASSO MARCELO/AGENCIA ESTADO/AE

As delações premiadas do homem-bomba do PMDB Sérgio Machado e seus filhos deram aos investigadores da Operação Lava Jato detalhes sobre entregas de valores em espécie a políticos da cúpula do partido, como o presidente do Senado, Renan Calheiro (AL), o ex-presidente da República José Sarney (AP) e o senador e ex-ministro Romeró Jucá (RR). Uma das peças centrais dessa apuração é Felipe Parente, o carregador de malas de dinheiro do delator até 2008.

"Instruía Felipe Parente sobre o valor a recolher em cada empresa e o valor a entregar a cada político", explicou Machado, em sua delação premiada, tornada pública nesta quarta-feira, 1, pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "Os políticos diziam ao depoente o nome e o contato dos prepostos que receberiam os valores ilícitos e o depoente repassava essa informação a Felipe Parente", registram os procuradores da Lava Jato.

 Foto: Estadão

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O esquema teria sido usado de 2003 a "2007 ou 2008", quando os pagamentos passaram a ter nova sistemática, com encontros que ele mantinha com executivos das empresas e entregas, com senhas e codinomes. Machado afirma que durante o período em que comandou a Transpetro repassou R$ 100 milhões, aproximadamente para o PMDB. A maior parte em dinheiro vivo e outra parte em doações oficiais para campanhas e para os partidos.

Um dos filhos de Machado, Daniel Firmeza Machado, foi ouvido. Felipe Parente trabalhava com ele na FM Comércio de Material Didático, quando passou a cuidar dos repasses de propina do delator.

"Conhece Felipe Parente desde 1995 quando começaram a trabalhar juntos" e que, em 2002, ele trabalhou como ''tesoureiro da campanha do pai" ao governo do Ceará, em 2002 - pelo PMDB.

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O filho de Machado diz que Parente tinha direito a 5% dos valores movimentados para o pai. Ele relata que chegou a pedir ao pai um auxilio de R$ 1,5 milhão para seus negócios, e que o dinheiro foirepassado em espécie por Parente.

Operador. Parente cuidou das propinas de Machado até 2007, quando seu outro filho, Expedito Machado, passou a cuidar de contas secretas com os valores. Filho mais próximo dos negócios políticos do delator, Expedito fez também acordo de delação premiada e entregou nomes de contas, offshores usadas pelas empresas para pagar propinas.

Daniel Machado afirmou que Parente chegou a ter despesas com advogados pagas por ele. "Concordou em dar R$ 120 mil", afirmou o filho do delator, depois que o dono da UTC, Ricardo Pessoa, citou sem nome em delação, no final de 2015.

O filho de Machado contou ainda que o carregador de malas do pai também foi investigado por propinas da empreiteira GDK Engenharia e que foi alvo de chantagem de um doleiro, em 2014. "Já depois de iniciada a Operação Lava Jato, Felipe Parente procurou o depoente para dizer que estava sendo chantageado por um doleiro", registra a delação de Daniel. "Esse doleiro teria mantido contato com Felipe Parente durante o período em que auxiliara o pai do depoente."

 

 
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