Os profissionais da segurança pública desempenham um serviço essencial, garantindo a ordem e a paz nas ruas, atuando nas cenas de crime, investigando e fazendo a segurança em presídios. Durante os meses mais duros da quarentena, quando a maior parte do comércio estava fechada, policiais técnico-científicos, militares e civis continuaram exercendo suas funções.
Mesmo se expondo diariamente a riscos concretos de contaminação pelo novo coronavírus, esses servidores tiveram a contagem de tempo de serviço interrompida, o que não aconteceu - de forma mais que justa, é claro - com os profissionais da saúde.
Não bastasse isso, o plano de imunização divulgado pelo Ministério da Saúde deixa de fora dos grupos prioritários os integrantes da segurança. De acordo com o anunciado pelo Ministério da Saúde do governo Bolsonaro (eleito com uma forte promessa de valorizar a polícia), os peritos criminais, por exemplo, só serão vacinados na quarta etapa.
Pelo plano do governo, terão prioridade idosos a partir de 75 anos, indígenas e profissionais da saúde. Depois, na segunda fase, serão imunizados os idosos que têm entre 60 e 74 anos. A terceira etapa será destinada a quem tem comorbidades e a última engloba professores, agentes de segurança e população carcerária.
Não causa estranhamento, mas indignação, que policiais e professores recebam o mesmo tratamento dispensado à população carcerária.
Os peritos criminais são expostos diariamente a riscos de contaminação, atendendo vítimas de crimes e seus familiares, além de manipular cadáveres, tendo contato direto com secreções biológicas, como sangue, fezes, urina, vômitos, entre outros. E realizam todas as perícias necessárias no sistema penitenciário, ingressando pessoalmente nas instituições.
E é por isso que, como presidente do Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo (SINPCRESP), pedi a inclusão dos servidores da Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC) na primeira etapa da vacinação contra a Covid-19.
Quando a nós se estabelece uma lacuna de segurança nas condições de trabalho, só resta buscar a Justiça.
*Eduardo Becker é presidente do Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo, é graduado em Ciências Biológicas e Segurança da Informação, tem mestrado pelo Departamento de Genética Médica da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, na área de Biomedicina. Já trabalhou na identificação humana por DNA e é especialista em crimes cibernéticos.