Quadra esdrúxula, obtusa, de dissabor...
Desalento, ausência de compaixão e muito ódio.
Perdeu-se o amor?
Escândalos diários, boçalidade, segregacionismo.
Desassossego, desânimo, temor.
A morte sobe diariamente no pódio,
Dilacerante dor!
Rufam os tambores.
E parte do governo mantém-se em solilóquio.
Notícias diárias: políticos, juízes, promotores,
Polícia, interesses tacanhos, militarismo.
Povo confuso,
Brasileiro indeciso.
Parece ter sumido da nação a alegria...
Onde está o altruísmo?
Extinguiram-se os ideais da República e da democracia?
O homem sereno vindicaria:
queremos gestão, menos letargia e basta de negacionismo!
Uns buscam a consecução do bem,
Outros, pura patifaria!
Carradas só querem o vão protagonismo.
Disputa pelo poder sem pudores.
E o povo jaz no ostracismo.
Grassam a inércia, a sabotagem
E outrossim o autoritarismo.
Esses têm uma vitória de Pirro.
É uma miragem?
Alguns se omitem e perduram aquém;
Outros são meros detratores,
Agentes do desdém.
Ameaças a autoridades, turpilóquios,
Flertes com golpismo,
Comportamentos sórdidos!
Cadê os mentores?
Seria maquiavelismo?
Celeumas nas redes sociais, crimes, terra de ninguém.
Acha que é só?
Vai muito além...
Tenha dó!
Professores sendo censurados;
Universidades com interventores,
Ensino arrasado.
Jornalistas perseguidos
E tantos outros humilhados.
A saúde, a economia e a paz nos estertores.
E quase nunca o arbítrio dá em nada.
O séquito grita amém!
Passa-se a boiada.
Todavia, existem os que atuam com a verdade.
Estes parecem isolados.
Derruiu-se o racionalismo?
Foi imposto por alguma máfia?
Falta piedade.
Sobra empáfia!
Os cérebros estão encurralados?
Inconsequentes agem com pantomimas e menoscabo,
Com indiferente cinismo.
Problema acabado.
É isso daí...
Zombam de tudo.
Fazem remoque: chega de "mimimi".
Que absurdo!
Será que alguém ri?
A corrupção, o compadrio
E o patrimonialismo
Continuam sendo uma mazela nacional,
Onde se mete o dedo,
Chega a dar até medo!
Não tem fundo o abismo...
Encontra-se um Estado em putrefação,
Um inferno dantesco,
Uma obra de ficção!
E um país de contraste abissal,
Enfim, um pântano grotesco,
Com nítido tratamento desigual.
Há, não em outro rincão,
Aqui mesmo no Brasil,
um povo trabalhador, generoso e bom,
mas também muito indivíduo e autoridade imoral,
Que chega a causar asco e aversão.
E uma indignação geral!
O povo nos casebres e nas favelas,
Enquanto os corruptos se deleitam em ostentação.
Voam em helicóptero, jatinho,
Compram mansão...
Lindos lagos à vista.
Tudo no "jeitinho".
Coisa de vigarista.
Por que não?
As famílias, desamparadas, choram pelos seus mortos;
Acendem velas.
Os caminhos são dolorosos.
Na cena pública, às favas com a razão!
Usam argumentos pífios,
Vertem estrupícios,
Como se estivéssemos nos circos.
E nas terras de cangaços,
Ou em áreas dominadas pela milícia,
Na ribalta dos palhaços!
O povo, dentro de casa, brada desesperado:
Chega de pizza!
E promove os panelaços...
O que fazer para avançar,
Josés, Marias, Dolores,
Numa terra em transe
E de tantas dores?
Vamos embora pra Pasárgada?
*João Linhares Júnior, mestre em Garantismo e Processo Penal pela Universidade de Girona (Espanha). Especialista em Controle de Constitucionalidade e Direitos Fundamentais pela PUC-RJ. Eleito integrante da Academia Maçônica de Letras de MS