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O aquecimento do mercado de MA no Brasil

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Por Lívia Lopes
Atualização:
Lívia Lopes. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A Comissão de Valores Mobiliários-CVM, em seu último Boletim de Mercado publicado em março de 2021, demonstrou um comparativo internacional das emissões, por meio de uma série anual dos IPOs-Initial Public Offering. Para ter ideia, a quantidade de ofertas no Brasil, saiu de 9, em 2013, para 15 apenas nos dois primeiros meses de 2021. Um grande salto.

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A forte recessão entre 2014 e 2016, período em que o PIB caiu cerca de 9%, levou a um grande impacto negativo no mercado de capitais. Em 2017 alcançamos o fim da recessão econômica. O cenário econômico se tornou positivo com a queda acentuada de juros e amenização da crise fiscal, retomando a aceleração das emissões. Nesse ano (2017), foram transacionados 10 IPOs, com um movimento de US 6,3bi.

O número de empresas que entraram na bolsa em 2020 salta para 27, um recorde desde o boom de 2007, movimento causado pela redução da taxa de juros e avanço do número de investidores em Renda Variável. Capitalizadas, as empresas foram às compras, aquecendo o mercado de M&A - Mergers and Acquisitions com 1038 transações.

Ainda mais antigo, os processos de M&A no Brasil, também conhecido como fusão e aquisição, se intensificaram na década de 1990 com a abertura da economia, o Plano Real e a consolidação do setor financeiro, atraindo investidores estrangeiros na aquisição de empresas brasileiras.

A partir de então, a evolução é gradativa. Analisando uma série histórica de número de transações de M&A entre o ano de 2002 e 2020 publicada pela PwC, o último exercício (2020) foi recordista alcançando 1038 transações, um volume 48% superior à média dos cinco anos anteriores (2015 a 2019-média de 701).

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Vale ressaltar que o aquecimento ocorreu no segundo semestre de 2020, tendo o primeiro semestre sido impactado fortemente pelo início da pandemia.

Das 1038 transações em 2020, somente 455 tiveram os valores divulgados, totalizando USD 26,4bi, contra USD 63,8 bi em 2019. Dentre as 455 transações divulgadas, 87% foram de valor abaixo de US100 milhões. A pulverização das transações de M&A, no Brasil em 2020, sugere uma ampliação da participação das empresas de menor porte, dado o volume financeiro transacionado ter sido inferior, ao passo que o número de transações foi ampliado. Destaque para o setor de tecnologia.

Essas transações de 2020 concentraram-se em investidores nacionais, representando 78% do total de aquisições anunciadas, segundo a PwC, impactando numa redução de 19% de participação de capital externo em relação a 2019.

Hoje, temos um mercado de capitais avançando. O registro é de um volume de captação de R$ 253,1 bilhões apenas no primeiro semestre conforme dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA).

Foram mapeadas 916 transações de M&A, conforme a TTR-Transactional Track Record em seu relatório de junho de 2021, destacando o retorno do capital externo, liderado pelos Estados Unidos. Mais uma vez, o setor de tecnologia as lidera assim como em 2020, devido ao aumento da digitalização nas empresas, ocasionado pela pandemia.

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Ao participar ativamente do mercado de capitais por meio de IPOs ou emissão de dívidas, a empresa se prepara para possíveis processos de M&A, dados sua visibilidade no mercado e precificação conhecida, destacando que o aumento do número de empresas listadas na Bolsa amplia a base para fusões e aquisições. Capitalizadas, as empresas vão às compras, buscando a consolidação em seu segmento.

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Projeta-se um avanço de entrada de capital externo no Brasil impactado pela atratividade da taxa de câmbio, elevada liquidez no mercado global ofertada pelos Bancos Centrais e baixas taxas de juros globais. As empresas emergentes nos setores de tecnologia, bancos e real estate, constituem-se como principal foco dos investidores externos. No cenário nacional, o setor de saúde e ensino continuam em consolidação.

As empresas brasileiras estão se movimentando e se preparando, atentas as oportunidades do mercado decorrentes do excesso de liquidez global e do aquecimento do mercado de capitais interno. Cada vez mais, empresas de pequeno e médio porte se posicionam como players nesse cenário em busca de melhoria em seus processos de governança corporativa para "surfar nessa onda".

Está dada a largada...

*Lívia Lopes, Corporate Banker da Atrio Investimentos

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