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O ano da solidariedade

Por Marcio Serôa de Araujo Coriolano
Atualização:
Marcio Serôa de Araujo Coriolano. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

O ano de 2020 já entrou para a História como o ano em que descobrimos o quanto somos frágeis. O novo coronavírus atingiu todas as regiões do planeta, sem fazer diferença entre ricos e pobres, e impôs uma quarentena que praticamente paralisou a produção, desencadeando a pior crise econômica desde 1929. Sob outro ângulo, porque tudo pode ser visto por mais de um ângulo, mesmo em tempos polarizados como os atuais, 2020 está chegando ao fim como um ano em que ficou evidente a importância da cooperação e da solidariedade. Mundo afora pessoas, empresas e governos tomaram iniciativas para apoiar os mais vulneráveis e combater a pandemia. E todas foram importantes. Desde as pequenas ações de assistência aos mais pobres em cada bairro até doações de grandes empresas para apoiar o combate ao vírus e os programas governamentais de socorro financeiro a empresas de todos os portes. Desde o uso da máscara, que ao nos proteger protege também o outro, até o monumental esforço científico de buscar a vacina capaz de vencer a Covid-19. Essa consciência é sinal de que estamos avançando. São tempos ainda difíceis, a recuperação ainda é lenta, mas a direção está correta.

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O desempenho recente do setor de seguros é uma das evidências do que se disse acima. Trata-se de um setor que tem na solidariedade coletiva seu principal pilar. Todo contrato está inserido no conjunto, e cada indivíduo tem direitos e deveres perante os outros. Um resultado positivo, ainda mais em meio à crise atual, reflete a crescente compreensão da importância do seguro. Por isso a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) ressalta o quarto mês seguido de crescimento. Em setembro, a arrecadação cresceu 11,4% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Essa taxa é maior do que a registrada ano contra ano em julho (4,3%) e em agosto (7,3%), e credencia o setor a fechar o ano no azul.

Consideramos que esses números são resultado, também, de um esforço continuado e consistente de educação e conscientização do consumidor para a importância do seguro e para a escolha consciente e do melhor produto para cada etapa da vida e cada situação individual. A CNseg tem em sua agenda estratégica o "Programa de Educação em Seguros", criado para disseminar a cultura do seguro no País, divulgando os fundamentos, conceitos, leis, normativos e produtos do setor de seguros para diversos públicos, incluindo os consumidores, órgãos de defesa do consumidor, órgãos da imprensa e os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Cartilhas, livretos, estudos, publicações, eventos, mídias tradicional, digital e social compõem um leque de ações voltadas para esse fim.

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Entre essas ações, destaca-se a participação, desde 2014, na Semana Nacional de Educação Financeira - a Semana Enef. Este ano, a Semana será realizada de 23 a 29 de novembro e terá como tema "Resiliência Financeira - como atravessar a crise?". O tema é mais que oportuno. Resiliência, palavra que pode ser traduzida por adaptação e persistência, é uma atitude que o setor de seguros adota cotidianamente. É a resiliência que está nos permitindo crescer e inovar apesar das dificuldades.

É sabido que Europa e Ásia, pelo passado de guerras e provações de seus povos, têm uma cultura do seguro solidamente construída. Os países em desenvolvimento ainda têm um longo caminho a percorrer, e para que o setor possa se desenvolver em benefício do consumidor é preciso persistir em mudanças já iniciadas. Um passo importante é progredir na desoneração das exigências de ordem administrativa ou normativa, para reduzir custos das empresas e permitir preços mais acessíveis para o cidadão. Flexibilização é outra palavra fundamental. O consumidor quer agilidade, velocidade, tecnologias facilitadoras e produtos que caibam no seu orçamento. Tudo isso demanda investimento e colaboração entre as empresas e um trabalho diuturno com os órgãos reguladores.

Por fim, lembramos que na base de todo o sistema de seguros está a confiança. E esta se conquista com transparência e solidez. A CNseg orgulha-se de ter colaborado para a construção de um sistema que valoriza o direito à informação. Qualquer cidadão pode acessar os dados sobre o setor e sobre todas as empresas, diretamente no site de cada uma e, também, na Superintendência de Seguros Privados (Susep) e na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Temos um sistema sólido, que para garantir os riscos que assume, detém ativos equivalentes a 27% da dívida pública brasileira, o que torna o setor de seguros um dos maiores investidores institucionais do país, com papel importante a desempenhar na retomada do crescimento econômico. Um setor segurador forte é essencial ainda para desonerar as contas públicas, transferindo para iniciativa privada parte dos gastos com saúde e previdência, para só citar dois exemplos.

*Marcio Serôa de Araujo Coriolano é economista e presidente da CNseg, a Confederação Nacional das Seguradoras

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