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'Nunca participei das festas em Paris', diz Picciani

Presidente afastado da Assembleia Legislativa do Rio procurou se distanciar de Sérgio Cabral e afirmou em seu primeiro depoimento em processo da Lava Jato que não integra as 'repúblicas de Leblon e Mangaratiba', onde o ex-governador possui imóveis de luxo

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Por Constança Rezende
Atualização:

Jorge Picciani deixa a sede da PF no Rio, em novembro de 2017. Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO

Em seu primeiro depoimento em processo da Lava Jato do Rio, o presidente afastado da Assembleia Legislativa (Alerj), Jorge Picciani (MDB), tentou se distanciar do ex-governador Sérgio Cabral (MDB). Disse que não é integrante 'das repúblicas de Leblon e Mangaratiba', onde o ex-governador possui imóveis de luxo, e negou participação no suposto esquema de propinas chefiado pelo ex-chefe do Executivo fluminense. Picciani depôs no Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), nesta segunda-feira, 9, ao desembargador Abel Gomes.

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"Nunca participei das festas em Paris (referindo-se à Farra dos Guardanapos que juntou secretários de Cabral e empresários). Não fui à Olimpíada, apesar de ter sido chamado. Sempre acordei às 5 h da manhã. A minha vida sempre foi e é política", disse.

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O presidente licenciado também negou a acusação do Ministério Público Federal de ter recebido propinas da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor). A entidade domina o setor no Estado. O suborno, de acordo com os procuradores da República, teria sido pago em troca de favorecimentos na Assembleia.

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"Não há ato ou ofício meu que não tenham sido feito a favor do Rio", disse Picciani, defendendo também sua atividade parlamentar. "Sempre fui muito respeitado e muito procurado pela minha capacidade técnica, de opinar para colega 'não vá nessa coligação que você perde eleição, vai nessa aqui'. Nisso fui muito procurado. Sempre fui reconhecido como uma pessoa franca, direta, cumpridora da palavra. Mas não tenho essa mácula, nunca interferi em contrato", disse.

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Picciani também foi acusado, junto com o filho, Felipe Picciani, de usar a empresa Agrobilara para lavagem de dinheiro. O deputado afastado está em prisão domiciliar desde março, por decisão do Supremo Tribunal Federal, para tratamento de um câncer. A situação foi lembrada pelo deputado.

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"Se eu não estivesse em prisão domiciliar, eu teria morrido nas condições que eu estava lá (na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, zona norte do Rio). Uma infecção me mataria. Eu não teria como me recuperar", afirmou.

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Na manhã desta segunda, 9, o operador de Cabral, Carlos Miranda, afirmou em depoimento ter repassado R$ 400 mil mensais a Picciani de 2011 a 2014. Picciani negou. Disse que só conheceu Miranda, apontado pelo MPF como suposto homem da mala do esquema do ex-governador, na cantina da prisão.

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A Assembleia informou que Picciani e os outros dois deputados do MDB presos na operação, Paulo Melo e Edson Albertassi, apesar de afastados, recebem seus salários.

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"A situação dos três deputados afastados pela Justiça é um caso atípico, que não está previsto no Regimento Interno nem na Constituição Estadual. Como se trata de afastamento judicial, sem conclusão do processo, os deputados continuam na titularidade de seus mandatos e, portanto, continuam recebendo salários. Pelo mesmo motivo, não se aplicam os prazos previstos no regimento, em caso de licença, para a convocação de suplentes", respondeu a Assembleia, por escrito.

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