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NPS: o que o esporte pode ensinar às organizações sobre evolução e resultados

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Por Luiza Mattos
Atualização:
Luiza Mattos. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Desde que o indicador de NPS passou a ser utilizado para medir a lealdade e o apoio dos clientes às marcas, empresas dos mais diversos ramos passaram a adotá-la como métrica interna de sucesso e evolução do negócio. No entanto, com barreiras de entrada cada vez menores nos mercados, a concorrência passa a ficar mais acirrada - sobretudo em questões relacionadas à experiência do cliente. Enquanto o nível de qualidade de produtos e serviços oferecidos é facilmente replicado pelos concorrentes, o nível de encantamento promovido por uma marca passa a ser um atributo fundamental de sucesso no longo prazo.

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Ao longo deste processo, no entanto, muitas empresas se deparam com o seguinte dilema: se o meu NPS continua a melhorar, por que isso não se reflete na minha receita? Por que ainda perco espaço para os meus concorrentes? A resposta pode estar na maneira como o resultado NPS é encarado dentro das organizações - enquanto algumas o veem como uma métrica estática, outras o consideram parte de um sistema mais amplo e estratégico. Parece muito complexo? Vejamos o que os atletas que competem profissionalmente podem nos ensinar sobre como enxergar a evolução como parte de um sistema para resultados no longo prazo.

O que a mentalidade esportiva nos ensina sobre vencer os concorrentes na jornada do cliente?

Dentre todas as incertezas que permeiam uma competição esportiva, uma coisa é certa: quem vê triunfo, não vê treino. Da mesma forma, a jornada de encantamento do cliente pela qual uma empresa tem de passar para se destacar no mercado tem muitos paralelos com o processo de preparação competitiva.

Muitas companhias precisam compreender que o processo no qual elas avaliam os resultados de negócios, a partir da métrica de NPS, não deve ser encarado como algo estático, mas sim parte de um sistema mais amplo e estratégico dentro das organizações. As competições esportivas podem nos ensinar a enxergar a evolução como parte de um sistema para resultados no longo prazo. Destaco aqui cinco ensinamentos de atletas campeões para que as empresas possam vencer seus concorrentes na jornada do cliente.

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APRENDIZADO CONSTANTE E APLICADO - O atleta em preparação, assim como uma empresa operando em um mercado competitivo, é um eterno aprendiz. Isso significa que quaisquer resultados, positivos ou negativos, não devem ser vistos de maneira isolada. Explorar as causas de um determinado rendimento e como melhorá-lo de forma constante é fundamental para atingir resultados no futuro. Do ponto de vista do NPS, é importante refletir em como esse resultado se compara com o anterior e o que se pode fazer para melhorá-lo no próximo - tudo isso de forma constante e ininterrupta.

CONSISTÊNCIA - Para participar e vencer uma competição esportiva não basta apenas um resultado espetacular. É preciso manter o nível de excelência durante as diversas etapas de classificação para entrar na competição e para se manter até as etapas finais. Da mesma forma, encantar um cliente depende não apenas de entregar uma experiência além das expectativas dele, mas sim de fazê-la de forma consistente. Isto é, não basta vender um serviço excelente e ter um pós-venda ruim, da mesma forma que não adianta ter uma venda incrível se, quando repetir a compra, o cliente tiver uma experiência totalmente diferente da anterior.

REDE DE APOIO - Por trás de um bom atleta sempre existe uma forte rede de apoio, que pode incluir treinadores, profissionais de saúde, colegas de treino, amigos, família e muitos outros que, de alguma forma, contribuem para incentivar e apoiar o atleta no processo de preparação. Assim também acontece com as empresas: embora ela possa estar representada por um único vendedor, existe uma série de departamentos que trabalham para que ele possa encantar o cliente final - incluindo marketing, logística, pesquisa & desenvolvimento, RH e muitas mais - além dos parceiros comerciais e fornecedores. Assim, o comprometimento em oferecer uma jornada inesquecível para o cliente deve vir de cada componente da empresa e da rede de parceiros e não apenas daqueles que interagem diretamente com ele. Quanto mais envolvida esta rede estiver, melhores tendem a ser os resultados para o cliente.

ESTUDAR OS CONCORRENTES - Uma competição esportiva, por natureza, reúne os melhores atletas em uma certa modalidade. Assim, para chegar em um pódio, o competidor precisa melhorar constantemente não só a partir dos seus resultados individuais, mas também acompanhar os resultados dos demais para aprender com eles e explorar seus pontos fortes na hora da competição. Da mesma forma, no mundo dos negócios é preciso constantemente estudar os passos dos concorrentes e entender como a evolução da sua própria empresa se compara à deles. Estamos melhorando em relação à nossa performance anterior, mas somos competitivos com relação ao resto do mercado? Isto é, como o meu NPS se compara ao NPS dos meus concorrentes?

VISÃO SISTÊMICA - Todos estes aprendizados - internos e externos - geram resultados que devem atender às expectativas técnicas (e, quiçá, artísticas) dos juízes. Já no mundo corporativo, os aprendizados devem atender e superar as expectativas de clientes cada vez mais exigentes. Esta visão clara do objetivo final permite às empresas embutir estes processos de aprendizado no dia a dia de trabalho, compartilhar a responsabilidade no encantamento dos clientes e compreender melhor os novos desafios do mercado.

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A métrica como ponta do iceberg

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Se a experiência do cliente fosse um iceberg, a métrica do NPS seria apenas a pequena ponta visível acima da superfície. Por baixo d'água, existe um grande volume de resultados, processos, avaliações e revisões que permitem chegar a esta métrica - e que são extremamente estratégicos para as empresas. Por isso, é importante lembrar que medir o NPS é necessário, mas apenas medi-lo é insuficiente.

A maneira mais inteligente de utilizar estes resultados é desenvolvendo um sistema de gerenciamento interno com foco no cliente, a partir de diferentes áreas da empresa que dividirão a responsabilidade por melhorar a jornada do consumidor, e que inclua, mas não se restrinja ao NPS. Para melhorar ainda mais a performance, deve-se também olhar para os concorrentes, fazendo um benchmark dos resultados de NPS deles.

Com informações tão detalhadas e padronizadas para comparar a performance própria com a da concorrência, a incorporação destes aprendizados no sistema de gerenciamento interno com foco no cliente torna-se muito mais assertiva e orgânica - permitindo que as equipes dediquem recursos estratégicos à resolução dos problemas e não apenas ao seu mapeamento.

Assim, entre o NPS como métrica ou como sistema, fiquemos com o sistema - afinal competir é divertido, mas subir ao pódio com medalha de ouro em experiência do cliente é definitivamente o que as empresas desejam.

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*Luiza Mattos é sócia da Bain & Company

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