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Novo coronavírus e inclusão financeira: qual é a opção para as pessoas desbancarizadas?

Por Gilberto Lopez
Atualização:
Gilberto Lopez. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Em meio a pandemia do novo coronavírus, o cenário econômico mundial está sofrendo sérias consequências, que eu vi se espalhando pela China, Estados Unidos e agora no Brasil, desencadeando impactos massivos no mercado de ações, ativando até o raro circuit breaker, mecanismo este que é utilizado para impedir vendas irracionais. Porém isso é, principalmente, uma tragédia humana e que poderia ter um impacto material, especialmente entre os setores mais vulneráveis da sociedade.

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O primeiro caso do vírus foi confirmado no fim de fevereiro e desde então, os números só aumentam como eram previstos. Com as medidas de isolamento social decretadas por boa parte dos governadores e dos prefeitos, ocorreram o fechamento dos comércios, shoppings, academias, escolas, universidades, entre outros; além do adiamento de diversos eventos culturais e esportivos. Embora essas restrições sejam necessárias para a saúde e para proteger a economia, os efeitos serão sentidos com maior intensidade entre os indivíduos que possuem menor renda, ou seja, os trabalhadores de baixa renda e desempregados. Logo, essas pessoas não têm poupança para recorrer ou mesmo uma conta bancária e, consequentemente, acesso ao crédito. Sem poupança e sem capacidade de conseguir empréstimos, eles terão dificuldades para atender às suas necessidades diárias. E, infelizmente, de acordo com a pesquisa do Instituto Locomotiva, existem 45 milhões de brasileiros desbancarizados. Existe alguma opção para essas pessoas? A resposta é 'sim' e irei explicar de uma forma sucinta.

Dentre as diversas startups que estão em atividade no Brasil, existem várias vertentes e dentre elas estão as fintechs de crédito que tem como objetivo oferecer crédito de modo fácil e rápido, além de serem menos burocráticas em relação às instituições financeiras. Então, creio que a saída para as pessoas desbancarizadas sejam essas fintechs, para que consigam a aprovação e realizem empréstimo de dinheiro ou simplesmente o fato de ter acesso à crédito, para que consigam realizar o financiamento de um aparelho celular, por exemplo. Um objeto que para nós já está no cotidiano, como o celular  é um grande desejo de consumo das classes baixas: para se sentir incluída no mundo das redes sociais, acesso à informação e entretenimento dos mais diversos. Outra questão que está sendo observada neste mercado são as parcerias que redes de varejos realizam com fintechs, a fim de realizar inclusão digital ou até os bancos para que realizem inclusão financeira e, respectivamente, aumentem as suas vendas e clientes.

Com essas opções abrem a possibilidade do aumento do consumo das pessoas das classes D e E. Pois, com acesso ao crédito é possível adquirir um produto e pagar na quantidade de meses que achar mais cabível para o seu bolso, ao invés de ficar refém do pagamento à vista e que dificilmente, conseguirá pagar um smartphone desta maneira. Tendo um celular em mãos e acesso à crédito, a pessoa fica incluída no mundo digital e consegue realizar uma compra de forma online, deixando de ser refém de carnês de lojas ou das enormes taxas bancárias. Já imaginou a satisfação de estar incluído no mundo que antes era um sonho muito distante devido às circunstâncias que o capitalismo proporciona com as pessoas de baixa renda? Caso não, pense um pouco fora da sua bolha e imagine um mundo com mais inclusão financeira e digital, ou seja, menos desigual.

Portanto, acredito que as fintechs poderão ser a melhor opção para os brasileiros conseguirem um empréstimo de dinheiro com taxas menores ou simplesmente para ter acesso à crédito. Entendo que mesmo com a crise que os especialistas em economia estão prevendo, seja a maneira mais cabível para que os trabalhadores de baixa renda continuem fazendo parte do mercado consumidor e movimentando a economia, independentemente, da situação do novo coronavírus, ou seja, incluídos financeiramente e digitalmente. Pois, as fintechs possuem uma solução e oferecem uma desburocratização às pessoas das classes D e E, ao contrário dos bancos tradicionais, que por vezes excluem essa parcela da sociedade ao não aprovar empréstimos ou acesso ao crédito. Com essas opções, podemos construir um mundo com mais inclusão financeira e digital, principalmente nos países emergentes.

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*Gilberto Lopez é cofundador e COO da PayJoy, uma fintech sediada nos Estados Unidos, com operações em mais de 20 países, com foco em financiamento inteligente para desbancarizados

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