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Procuradoria quer ouvir executivos da OAS e da Odebrecht sobre centro de custo 'Zeca Pagodinho' no caso triplex

Após ouvir Lula por quase 5 horas, Ministério Público pediu novos depoimentos de executivos ligados às empreiteiras, que podem ajudar a esclarecer setor criado para pagar reforma do apartamento do Guarujá atribuído ao petista

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Foto do author Luiz Vassallo
Por Ricardo Brandt , Luiz Vassallo e Bruno Ribeiro
Atualização:
 

O Ministério Público Federal requereu nesta quinta-feira, 11, ao juiz Sérgio Moro que ouça três novas testemunhas no processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi ouvido ontem pela primeira vez como réu da Operação Lava Jato, em Curitiba. São depoimentos que podem ajudar na acusação de que a OAS criou uma centro de custo chamado "2º Zeca Pagodinho (Praia)" para bancar a ampliação e reforma do apartamento 164-A, do Edifício Solaris, no Guarujá (SP).

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Documento

PEDIDO DO MPF

São dois ex-funcionários da OAS, empresa que teria pago os R$ 3,7 milhões em propinas a Lula, no caso de tríplex do Guarujá (SP) - que o petista nega ser proprietário - e no custeio do armazenamento do acervo presidencial. E o ex-diretor da Odebrecht Márcia Faria da Silva, um dos 77 delatores do grupo.

"Joilson Santos Goes, funcionário da OAS Empreendimentos, foi mencionado nas mensagens acerca da criação de centros de custos, pela OAS, referidas por Léo Pinheiro quando de seu interrogatório", informa o pedido da Procuradoria.

"De acordo com o executivo, as despesas da empresa deveriam, em qualquer hipótese, ser lançadas em algum centro de custo, sendo que, no caso das reformas do triplex 164-A do Condomínio Solaris."

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 Foto: Estadão

 

Segundo a força-tarefa, "criou-se o centro de custso '2º Zeca Pagodinho (Praia)" para que tal exigência fosse atendida, utilizando-se do apelido 'Zeca Pagodinho' atribuído ao ex-presidente Lula".

Outra testemunha é Jéssica Monteiro Malzone, da OAS, que também foi citada nos autos e pode fornecer dados e provas sobre a participação de Lula nos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro imputados pela denúncia, ao petista.

Lula foi ouvido pela primeira vez por Moro nesta quarta-feira, 10. Por quase 5 horas, ele negou ser o dono do tríplex, recebimento de propinas e lavagem de dinheiro.

Questionado por Moro, se ele tinha conhecimento que executivos trataram da reforma da cozinha do triplex, em que é feita citação à "Zeca Pagodinho".

"O senhor sabe que sabe que no depoimento do Léo quando eu ouvi ele falar Zeca Pagodinho eu até gostei, porque eu gosto muito do Zeca Pagodinho. E fiquei sabendo no depoimento, porque ele nunca me falou que me chamava de Zeca Pagodinho. Mas não houve essa conversa comigo, se houve, foi entre eles", disse o ex-presidente.

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Lula e mais seis réus, entre eles Léo Pinheiro, que no dia 20 confessou os crimes e atribuiu ao ex-presidente a propriedade do imóvel, as negociações para reforma e decoração do apartamento e ainda um suposto pedido de destruição de provas.

O juiz Sérgio Moro vai decidir se aceita o pedido para ouvir novas testemunhas no processo. Passada essa etapa, começam os prazos de alegações finais das partes (acusações e defesas) e, depois, o juiz dá sua sentença.

Laudo. Um laudo da Polícia Federal listou mensagens trocadas entre o executivo Paulo Gordilho, da OAS, e Léo Pinheiro, sobre as obras que seriam benesses para Lula.

Um trecho da conversa destacado pela Federal aponta.

"Ok. Vamos começar qdo. Vamos abrir 2 centro de custos: 1º zeca pagodinho(sítio) 2° zeca pagodinho (Praia)."

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Em outro momento, Paulo Gordilho diz a Léo Pinheiro. "Dr Léo Fernando Bittar aprovou junto Dama os projetos tanto de guarujá como do sitio. Só cozinha kitchens completa pediram 149 mil ainda sem negociação. Posso começar na semana que vem. isto mesmo?"

'Dama' seria uma referência à ex-primeira dama Marisa Letícia, morta em fevereiro.

 Foto: Estadão

 

Odebrecht. O MPF pediu ainda para ouvir um dos delatores da Odebrecht, o ex-executivo Marcio da Silva Faria.

A testemunha pode ajudar a esclarecer a ligação dos pagamentos para Lula, da OAS, em relação a negócios da Petrobrás, segundo os procuradores.

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