Rodrigo Nunes Martinez Mello*
23 de março de 2020 | 13h45
Rodrigo Nunes Martinez Mello. FOTO: DIVULGAÇÃO
Subitamente a humanidade se deu conta de que todos estamos em um único grande transatlântico.
Só que o navio já se chocou contra um iceberg.
Os danos à embarcação já a condenam. Não adianta mais o comandante tentar evitar, ele vai afundar. O ponto agora é saber como nós não afundamos também.
Segundo estudos, historicamente o número de mortos em naufrágios foi muito maior do que poderia ter sido, por conta de falhas em procedimentos de evacuação.
Essas tragédias deixaram a lição de que o despreparo, o desespero, a afobação, a desunião, o egoísmo, o oportunismo e a falta de comunicação fez com que as tragédias fossem muito pior do que poderiam ter sido.
Mas, e o nosso navio da humanidade? Não podemos repetir os mesmos erros.
Lembre-se que no começo do naufrágio do Titanic, em 1912, as pessoas sequer sabiam que o navio afundaria, mas no final, uns empurravam os outros dos poucos botes salva-vidas.
Vamos negar a gravidade dessa crise, que a cada dia se agrava mais e mais? E aqui não me refiro apenas aos riscos de saúde de milhões de pessoas, mas também a gigantesco dano econômico e social dessa que é a maior e mais globalizada crise dos últimos cem anos.
Vamos bater cabeça e agir por desespero, afobação, desunião? Vamos ser egoístas e oportunistas? Vamos noticiar fatos imprecisos ou mentirosos e confundir mais as pessoas? Vamos fazer uso político ou qualquer outro puramente egoístico para nos aproveitar da situação?
Infelizmente, nos últimos instantes do naufrágio, quando poucos sobram, e apenas restos do barco ainda boiam, o que vai valer é a “lei da selva” o “salve-se quem puder” não importando sua nacionalidade, idioma, classe social, idade, sexo, orientação sexual, posicionamento político, ou qualquer outra coisa.
Mas o bom é que não estamos nesse ponto ainda. O alarme de nosso navio já soa alto, e já mostra que evacuar é a única solução.
Precisamos nos unir, nos coordenar, dar o melhor de nós mesmos e prol de todos.
Certamente existem saídas inteligentes, e não há dúvidas que entre nós existem cientistas, médicos, pesquisadores, economistas, juristas, filósofos, engenheiros, enfermeiros, bombeiros, entre outros tantos profissionais altamente capacitados para ajudar a criar soluções e saídas menos danosas para o nosso “naufrágio”.
Precisamos agir da forma mais racional possível, respeitar o próximo, agir com bom senso, equilíbrio, altruísmo e boa-fé. Ajudar o próximo sem pensar em recompensa. Nos posicionarmos de um lado só. O NOSSO LADO! O LADO DA HUMANIDADE.
Tenho fé que assim, sairemos dessa com menos danos, e que as lições que tivemos com tantas tragédias no passado, a um custo muito elevado, sirvam agora para salvar muitas vidas!
*Rodrigo Nunes Martinez Mello, sócio do escritório Melcheds – Mello e Rached Advogados
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