Fausto Macedo, Julia Affonso, Andreza Matais e Beatriz Bulla
25 de novembro de 2015 | 12h58
A estratégia do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT/MS), para barrar a OPeração Lava Jato era ‘centrar fogo no STF’. Em troca do silêncio do ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró – preso desde janeiro deste ano por corrupção e lavagem de dinheiro -, o senador petista prometeu atuar incisivamente no Supremo Tribunal Federal. Condenado, Cerveró busca em todas as instâncias da Justiça obter um habeas corpus em seu favor.
'Esse é o compromisso que foi assumido, né? E nós vamos honrar’, disse Delcídio a filho de Cerveró
Delcídio revela disposição em exercer tráfico de influência na Corte máxima e faz alusão, ainda, aos ministros do Supremo, Teori Zavascki, Dias Toffoli e Gilmar Mendes, e ao vice-presidente da República, Michel Temer.
OUÇA O TRECHO EM QUE DELCÍDIO FALA SOBRE ‘CENTRAR FOGO NO STF’ A PARTIR DOS 13 MINUTOS
“Agora, agora, Edson e Bernardo, é eu acho que nós temos que centrar fogo no STF agora, eu conversei com o Teori, conversei com o Toffoli, pedi pro Toffoli conversar com o Gilmar, o Michel conversou com o Gilmar também, porque o Michel tá muito preocupado com o Zelada, e eu vou conversar com o Gilmar também”, disse Delcídio ao advogado Edson Ribeiro, que defende Cerveró, e a Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da estatal.
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No pedido de prisão do líder do governo, o Ministério Público Federal afirma destacou trechos do diálogo “com ênfase na desfaçatez com que se discute a intercessão política na mais elevada
instância judiciária brasileira”.
“O congressista discute, ainda, estratégias para o convencimento do Ministro Gilmar Mendes, indicando que pediria a “Michel” e “Renan” – alusão evidente, dado o contexto, ao Vice-Presidente da República, Michel Temer, e ao Presidente do Congresso Nacional, Senador Renan Calheiros – que conversassem com Sua Excelência”, afirma o Ministério Público Federal.
COM A PALAVRA, A DEFESA DO SENADOR DELCÍDIO DO AMARAL
Nota Oficial
A defesa do Senador Delcídio do Amaral (PT-MS) manifesta inconformismo em relação à decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal e a convicção de que o entendimento inicial será revisto. Questiona-se o fato de que as imputações tenham partido de um delator já condenado, que há muito tempo vem tentando obter favores legais com o oferecimento de informações. Questiona-se também a imposição de prisão a um Senador da República que sequer possui acusação formal contra si. A Constituição Federal não autoriza prisão processual de detentor de mandato parlamentar e há de ser respeitada como esteio do Estado Democrático de Direito.
Maurício Silva Leite, advogado do Senador Delcídio do Amaral
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