Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Ney Suassuna recebeu mesada de R$ 40 mil para intermediar encontro de ex-governador da Paraíba com empresário, diz investigação

Ex-senador, alvo de buscas na Operação Calvário/Juízo Final, deflagrada nesta terça, 16, também teria utilizado empresa do próprio filho para operacionalizar recebimento de propina por meio de notas fiscais fraudulentas

PUBLICIDADE

Foto do author Pepita Ortega
Por Pedro Prata , Pepita Ortega e Paulo Roberto Netto
Atualização:

O ex-senador Ney Suassuna (MDB/PB) teria recebido mesada de R$ 40 mil por intermediar o encontro entre o ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), e o empresário Daniel Gomes, delator na Operação Calvário/Juízo Final, deflagrada nesta terça, 17. A reunião resultou no repasse de R$ 200 mil para fechar as contas da campanha do pessebista em 2010 e foi o primeiro acordo no esquema que resultaria em desvios de R$ 134 milhões da saúde do Estado.

PUBLICIDADE

De acordo com o Ministério Público, Suassuna foi quem procurou Daniel Gomes para saber se ele teria 'interesse em fazer negócios na Paraíba', afirmando que era 'muito amigo' do então candidato ao governo Ricardo Coutinho. Uma reunião foi acertada e, durante o encontro, o pessebista afirmou que 'tinha a necessidade de levantar recursos para a campanha do governo do Estado'.

Documento

'JUÍZO FINAL'

Ricardo Coutinho teria feito a promessa de que, 'se eleito', trabalharia 'junto' de Daniel Gomes 'em alguns projetos na área da saúde'. Para garantir o apoio, o empresário teria repassado R$ 200 mil em espécie para fechar as contas da campanha de Coutinho.

Em troca da reunião, Ney Suassuna cobrou 'comissões' pelas transações envolvendo o governador e o empresário. Ele teria recebido R$ 40 mil de Gomes e outra quantia 'referente à locação fantasiosa de dez apartamentos' em nome do operador da Cruz Vermelha do Brasil no Rio Grande do Sul. A quantia era levada mensalmente à sua residência, em espécie, e parte do dinheiro era dissimulado por notas fiscais fraudulentas emitidas por Fabrício Suassuna, filho do ex-senador.

Publicidade

O ex-senador Ney Suassuna. Foto: Roberto Jayme / AE

De acordo com a Promotoria, Fabrício agia como um 'operador do esquema de recebimento das propinas, atuando para dissimular e lavar as quantias'.

Desvios. A quarta fase da Operação Calvário, a 'Juízo Final', mirou o ex-governador Ricardo Coutinho por liderar suposta organização criminosa que desviou R$ 134 milhões da Saúde da Paraíba.

Segundo a Polícia Federal, os crimes foram orquestrados por uma rede de prestadores de serviços terceirizados e de fornecedores que fechavam contratos com sobre-preço na gestão dos Hospitais de Trauma de Mamanguape e do Metropolitano, em Santa Rita.

Para se blindar de fiscalização do Tribunal de Contas do Estado, a quadrilha teria pagado propinas e utilizado contratos de 'advocacia preventiva' ou de 'advocacia por êxito' para ocultar a movimentação dos valores, diz a corporação.

A investigação apontou ainda que houve uso eleitoral dos serviços de saúde, com direcionamento de atendimentos e fraude no concurso de pré-seleção de pessoal do Hospital Metropolitano no ano de 2018.

Publicidade

COM A PALAVRA, O EX-GOVERNADOR RICARDO COUTINHO

Em sua página no Instagram, o ex-governador da Paraíba postou:

"Fui surpreendido com decisão judicial decretando minha prisão preventiva em meio a uma acusação genérica de que eu faria parte de uma suposta organização criminosa.

Com a maior serenidade digo ao povo paraibano que contribuirei com a justiça para provar minha total inocência. Sempre estive à disposição dos órgãos de investigação e nunca criei obstáculos a qualquer tipo de apuração.

Acrescento que jamais seria possível um Estado ser governado por uma associação criminosa e ter vivenciado os investimentos e avanços nas obras e políticas sociais nunca antes registrados. Lamento que a Paraíba esteja presenciando o seu maior período de desenvolvimento e elevação da autoestima ser totalmente criminalizado.

Publicidade

Estou em viagem de férias previamente programada, mas estarei antecipando meu retorno para me colocar à inteira disposição da justiça brasileira para que possa lutar e provar minha inocência.

Ricardo Vieira Coutinho"

COM A PALAVRA, O EX-SENADOR NEY SUASSUNA A reportagem busca contato com a defesa do ex-senador Ney Suassuna. O espaço está aberto a manifestações.

COM A PALAVRA, FABRÍCIO SUASSUNA A reportagem busca contato com a defesa de Fabrício Suassuna. O espaço está aberto a manifestações.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.