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Negociação para evitar conflitos maiores

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Por Andrea Oricchio
Atualização:
 Foto: Angela Reze

Tenho a impressão de que cada vez mais redes de franquia estão atentas aos desalinhamentos entre franqueado e franqueador, pegando o problema desde o começo. Digo isso porque tenho sido chamada com uma certa frequência para moderar grupos de trabalho com franqueados em empresas onde algum conflito de interesse tenha se instaurado.

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Vejo isso de forma bastante positiva, porque significa que as empresas estão acompanhando de perto e atentamente os conflitos internos e estão tomando atitudes para que isso não vire uma briga judicial. É uma atuação preventiva dos conflitos.

Normalmente, a presença de um consultor jurídico externo é necessária quando um problema ou questionamento é recorrente e envolve mais de um franqueado. Se quatro ou cinco franqueados estão chamando a atenção da franqueadora para algo em comum que discordam, a rede já está em situação de turbulência. Há, nesses casos, uma gestão que está conflituosa e precisa ser olhada.

Nesse impasse é que entra a consultoria jurídica, como uma figura externa e isenta para moderar a situação e atuar como negociador, além de participar com ideias e sugestões. O consultor jurídico é presença importante porque nem sempre o franqueador consegue deixar a emoção de lado e discutir o assunto de forma isenta. Nosso papel nesses casos é conduzir a conversa para o franqueador escutar o que o franqueado tem a dizer.

Em um exemplo prático, fui chamada recentemente para mediar um grupo com quatro franqueados de uma rede que estavam reclamando do software de gestão. Por mais que a franqueadora saiba que aquele sistema operacional é o melhor para o momento - ou o possível - se ele não é bom na visão de quatro franqueados é preciso ouvir o que eles têm a dizer. Isso porque a partir dessa conversa será possível entender se o software não é bom mesmo ou se é um problema de usuário - e em ambos os casos decisões precisam ser tomadas. O problema de não dar ouvidos a esse pequeno grupo de franqueados reclamantes é o surgimento sequencial de outras questões, como a suposta ineficiência do supervisor de campo em endereçar o tema ou a linha interna de suporte que não atende adequadamente - porque um franqueado insatisfeito será menos tolerante com outros pontos da relação com o franqueador. Além disso, claro, a insatisfação inicial não ouvida sempre pode crescer, ganhar volume dentro da rede, e virar uma briga judicial - o que será ainda mais desgastante.

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Por isso gosto de frisar que quando os franqueados se unem para ter escuta, às vezes é só uma escuta, a franqueadora precisa dar esse espaço. Hoje, a escuta é importante. De forma geral, as pessoas não ouvem, não tem paciência, pois vivemos em um mundo muito imediatista. Na relação entre franqueado e franqueador não é diferente. Alguns conflitos não deveriam gerar uma ação ou arbitragem, e às vezes só geram porque não há um canal de comunicação eficiente.

Andrea Oricchio é sócia-fundadora do AOA (Andrea Oricchio Advogados)*

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