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'Não sei se ela entendeu o que estava acontecendo', disse Mantega ao advogado

Ex-ministro estava acompanhando esposa em cirurgia quando foi avisado sobre prisão e foi orientado a ir para a portaria do Hospital Albert Einstein

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Por Valmar Hupsel Filho
Atualização:

O criminalista José Roberto Batochio. REUTERS/Nacho Doce Foto: Estadão

O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, estava do lado da esposa, já pré-anestesiada e sendo conduzida na maca rolante para o centro cirúrgico do hospital Albert Einstein, quando, segundo relatou ao seu advogado, recebeu o telefonema com a notícia de que estava sendo preso nesta quinta-feira, 22, na Operação Arquivo X, 34ª fase da Lava Jato. Ele foi solto cerca de cinco horas depois, por decisão de Moro, que considerou não haver risco do ex-ministro prejudicar as investigações.

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"Não sei se ela entendeu o que aconteceu, porque eu tive que sair abruptamente ou o que falei por telefone. Espero em Deus que não", disse o ex-ministro ao seu advogado, José Roberto Batochio, para quem ligou em seguida.

Mantega foi orientado a encontrar os policiais na porta de entrada do hospital para evitar que sua esposa testemunhasse a cena. Segundo o advogado, Mantega ficou "profundamente consternado" por não poder acompanhar a esposa até o local onde ela iria passar por uma delicada cirurgia no cérebro.

Batochio considerou a prisão um ato "arbitrário, autoritário, arbitrário e desumano". "Apurar, sim. Combater a corrupção, sim. Mas sem essa violência. Isso precisa acabar no Brasil", disse o advogado. Segundo ele, a prisão foi revogada quando as autoridades perceberam que a "desumanidade estava sendo configurada".

Mantega foi um dos alvos da operação deflagrada nesta manhã que investiga as suspeitas de que o Consórcio Integra, formado por OSX e Mendes Junior, teria pago propinas para vencer a licitação de US$ 922 milhões para a construção de duas plataformas de exploração do pré-sal, a P-67 e a P-70.

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Em depoimento aos investigadores, o empresário Eike Batista, dono da OSX, disse que o ex-ministro teria lhe pedido, em 2012, para quitar uma dívida de campanha de R$ 5 milhões do PT. O acerto, segundo admitiu o executivo, foi feito com a offshore Shellbill Finance, dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura, que atuaram para as campanhas de Lula e Dilma de 2006 a 2014.

O ex-ministro nega ter solicitado o pagamento a Eike.

Para a Lava Jato, a proximidade do suposto pedido e do pagamento com a contratação do consórcio para a construção das plataformas é um dos indícios de que as empresas pagaram propinas para conseguir vencer a licitação.

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