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Não está em questão o que Dirceu fez pela democracia, mas crimes graves, diz procurador

Segundo Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Lava Jato, esquema atribuído a ex-ministro da Casa Civil promoveu 674 atos de lavagem de dinheiro, 129 atos de corrupção ativa e 31 de corrupção passiva entre 2004 e 2011

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Por Redação
Atualização:

Deltan Dallagnol apresenta denúncia contra Dirceu e mais 16 investigados da Lava Jato. Foto: Ricardo Brandt/Estadão

Atualizada às 20h46

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Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso e Fausto Macedo

O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, afirmou nesta sexta-feira, 4, que o envolvimento do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Governo Lula) em um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro "é mais um capítulo de uma história do uso do poder para fins particulares".

"José Dirceu foi um importante líder político brasileiro. Ele representou por muito tempo os ideais de muitos", afirmou o procurador. "Aqui nós não julgamos José Dirceu. Nós não julgamos pessoas ou vidas, mas fatos e atos concretos. Não está em questão quem foi José Dirceu ao longo da História. Não está em questão o que ele fez pela consolidação da democracia no nosso País. Mas sim se ele praticou fatos que são crimes em um contexto determinado. E as provas, as evidências nos dizem que sim, que ele praticou crimes graves, e ele deve ser responsabilizado como qualquer pessoas, porque nós vivemos em uma República, onde todos devem ser iguais perante a Lei."

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José Dirceu. Foto: André Dusek/Estadão

Segundo Deltan, R$ 64 milhões foram lavados pela organização supostamente dirigida por Dirceu, que teria promovido 129 atos de corrupção ativa, 31 de corrupção passiva, entre 2004 e 2011, e 674 atos de lavagem de dinheiro.

O ex-ministro José Dirceu, preso preventivamente desde 3 de agosto pela Lava Jato, foi denunciado pelo Ministério Público Federal nesta sexta-feira, 4. Além do ex-ministro, também foram denunciados o ex-tesoureiro do PT João Vaccari e outros 15 investigados na Operação Pixuleco, desdobramento da Lava Jato. Todos são acusados de organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro.

 Foto: Estadão

Roberto Marques, o Bob, é apontado como braço-direito do ex-ministro. Luiz Eduardo de Oliveira e Silva é irmão e ex-sócio de José Dirceu na JD Assessoria e Consultoria - empresa pela qual o petista teria recebido propinas do esquema de corrupção e propinas instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014. Camila Ramos de Oliveira e Silva é filha de Dirceu.

Também estão entre os denunciados a arquiteta Daniela Leopoldo e Silva Facchini - que reformou a casa de Dirceu em um condomínio de luxo em Vinhedo (SP) -, o lobista Fernando Moura, ligado ao PT, seu irmão Olavo Moura, o delator Milton Pascowitch - pivô da deflagração da Pixuleco que levou o ex-ministro à prisão, seu irmão José Adolfo Pascowitch, o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque e o lobista Julio Camargo.

Estão na lista ainda os executivos Cristiano Kok, José Antunes Sobrinho e Gerson Almada, todos da Engevix, e Julio César Santos, ex-sócio de Dirceu, em cujo nome está a casa onde mora a mãe do ex-ministro, em Passa Quatro (MG).

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Dirceu e acusado por receber propinas da Petrobrás em cinco diferente projetos da Engevix com a estatal. Refinar e Relam, Cacimbas 1 2 e 3, RTBC. Alem desses esquemas, Dirceu foi denunciado por receber propinas das empresas Hope ae Personal, prestadoras de serviços da Petrobrás. Além da empresa Multitek.

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O procurador da República Roberson Pozzobon afirmou que a denúncia aponta que foi Dirceu quem efetivamente apadrinhou o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque, dentro da cota do PT, no esquema de cartel e corrupção na estatal.

O criminalista Roberto Podval, que defende o ex-ministro José Dirceu, disse que vai aguardar intimação da Justiça Federal para apresentar seus argumentos. "O que posso dizer é que está comprovado que o Milton (Pascowitch, delator) enriqueceu às custas de Dirceu, usando o nome de Dirceu", disse Podval, que também representa o irmão e a filha de Dirceu.

Ele disse que a defesa terá dez dias para entregar a resposta ao juiz Sérgio Moro. "No momento certo vamos à Justiça esclarecer tudo."

O advogado Luiz Flávio Borges D'Urso, que defende João Vaccari Neto, afirmou que o ex-tesoureiro do PT 'jamais arrecadou propinas'."Ainda não tivemos acesso à integra da denúncia, mas pelas notícias veiculadas verifica-se que, mais uma vez, temos uma denúncia baseada exclusivamente em delação premiada sem que haja qualquer prova a corroborar tal delação."

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D'Urso é taxativo. "O sr. Vaccari jamais recebeu qualquer doação ilegal. Todas as doações foram realizadas ao PT, depositadas na conta bancária e prestado contas às autoridades. Tudo absolutamente legal."

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