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Mulheres e liderança: muito além de uma questão social

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Por Ângela Mathylde
Atualização:
Ângela Mathylde. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

O próximo ano começará com mulheres ocupando cargos importantes. Kamala Harris será a primeira vice-presidente mulher dos Estados Unidos que ainda terá a primeira procuradora-geral negra da Califórnia e a primeira mulher de origem asiática no Senado, entrando para a história ao proporcionar mais representatividade às mulheres negras.

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Um outro exemplo de mulher na liderança será Michele Flournoy. O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, deve nomeá-la como chefe do Pentágono, também como a primeira mulher a ocupar o cargo. Mesmo vencida essa etapa, ao alcançar posições de liderança, elas ainda encontram novas dificuldades.

Em sua pesquisa, a Harvard Business Review afirma que, uma vez na posição de gestora, ela deve lidar com questões culturais e comportamentais em relação ao que se espera do comportamento feminino. Geralmente, a expectativa é que sejam afetuosas e delicadas, enquanto as mesmas qualidades não são esperadas de um chefe homem, por exemplo. Dele, tradicionalmente, se espera força e competência. Quando as mulheres são muito incisivas, são vistas como arrogantes, já os homens com mesmo comportamento são admirados.

Mesmo séculos depois do fim da escravidão, elas seguem sofrendo as consequências da marginalização. A indicação de Kamala indica que a representatividade feminina negra social ainda é baixíssima e o preconceito enraizado no mundo prejudica a vida da mulher negra, afetada em várias áreas.

O cenário brasileiro, por sua vez, também caminha para uma mudança com a ampliação desse debate e a iniciativa das brasileiras afrodescendentes. O problema atinge, desde padrões culturais, até a questão da empregabilidade e oportunidades profissionais. Muitas mulheres negras são menosprezadas ou têm sua capacidade testada constantemente. Além do preconceito de gênero, a questão racial é outro problema que complica o sucesso na carreira. Os preconceituosos não aceitam que uma mulher negra possa ser inteligente, independente financeiramente e bem sucedida.

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As mulheres lutam veemente contra esse tipo de discriminação, que pode ser combatida, até mesmo por atitudes simples, como a representatividade pelo cabelo. Aos poucos, o cenário está sendo modificado e desconstruído pela força e resistência desse público, marcando cada vez mais presença em todas as áreas sociais. Embora a sociedade tenha avançado ao longo dos últimos anos, ainda há um longo caminho a percorrer, afinal, a quebra de preconceitos estruturais parte de uma questão social para algo muito mais além.

*Ângela Mathylde, psicopedagoga e psicanalista

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