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Mulher de marqueteiro diz que recebeu de pagador da Odebrecht por campanha de Chávez

Mônica Moura, presa na Acarajé com o publicitário João Santana, seu marido, definiu Fernando Migliaccio como 'um executivo da Odebrecht no Brasil que colaboraria no custeio de parte da campanha'

Foto do author Fausto Macedo
Por Fausto Macedo , Ricardo Brandt e enviado especial a Curitiba
Atualização:

Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, que está presa em Curitiba, alvo da Lava Jato 

A empresária Mônica Regina Cunha Moura, mulher e sócia do publicitário João Santana - ambos presos na Operação Acarajé, 23.ª fase da Lava Jato - , declarou à Polícia Federal que em 2011 "foi orientada" a procurar Fernando Migliaccio, então executivo da Odebrecht e apontado pelos investigadores como pagador de propinas da empreiteira no exterior, para receber parte de valores referentes à campanha da reeleição de Hugo Chávez (morto em 2013) na Venezuela. O dinheiro foi depositado na conta Shellbill Finance, que João Santana abrira em 1998 na Suíça.

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Segundo Mônica, a campanha chavista teve "um alto custo", US$ 35 milhões. Ela admitiu que "grande parte desse valor foi recebida de maneira não contabilizada".

A empresária afirmou que, "diante das dificuldades de pagamento", vários doadores efetuavam repasses.

Ela definiu Migliaccio como "um executivo da Odebrecht no Brasil que colaboraria no custeio de parte da campanha (de Chávez)".

Migliaccio foi preso no dia 17 de fevereiro em Genebra tentando fechar contas bancárias. Ele é alvo da Acarajé que lhe atribui o controle de empresas offshores relacionadas ao Grupo Odebrecht. Essas offshores teriam sido usadas para pagamentos de valores ilícitos e lavagem de dinheiro. Uma delas seria a Klienfeld.

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 Foto: Estadão

Mônica declarou à Polícia Federal que foi firmado um "contrato fictício" com a offshore Klienfeld e que "acredita que os valores pagos pela Odebrecht no exterior alcançam aproximadamente três a quatro milhões de reais".

 Foto: Estadão
 Foto: Estadão

Eleições no Brasil. Mônica negou que pagamentos por ele realizados tenham qualquer relação com campanhas eleitorais no Brasil. "Nega ter recebido qualquer valor em espécie no Brasil por parte da Odebrecht."

Afirmou que ela e o marido "só atuam no marketing eleitoral e que os principais clientes, no Brasil, são o PT, o PDT e o PMDB".

Mônica disse que "nunca tratou com o empresário Marcelo Odebrecht" - preso na Lava Jato desde junho de 2015 - "sobre campanhas e pagamentos" por meio da Shellbill Finance "ou qualquer outro negócio".

Mas admitiu que "sempre se encontrou com Fernando Migliaccio em São Paulo, tanto na sede da Odebrecht como em locais públicos".

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Contou que assinou contrato com Migliaccio "relacionado à offshore Klienfeld".

"Nunca recebeu qualquer pagamento em espécie por parte da Odebrecht", assegurou. E "não sabe qual o montante recebido por parte da Odebrecht uma vez que os pagamentos se deram por meio de offshore."

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Mônica Moura disse, ainda, que "deixou de declarar suas contas no exterior pois aguardava a promulgação de eventual lei de repatriação de valores, o que retiraria o caráter ilícito da manutenção da conta na Suíça em nome da Shellbil Finance".

"Em todas as suas campanhas, não fosse por imposição dos contratantes, preferia que fosse tudo contabilizado."

COM A PALAVRA, A ODEBRECHT:

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"A Construtora Norberto Odebrecht desconhece as tratativas mencionadas por Mônica Moura em seu depoimento."

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