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Mulher acusa Feliciano de estupro; polícia pede prisão de chefe de gabinete

No depoimento que prestou na quinta-feira, 4, à Polícia Civil de São Paulo, a jornalista Patrícia Lelis, ex-militante do PSC jovem, forneceu detalhes de como, segundo ela, o deputado a atraiu para seu apartamento funcional em 15 de junho

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Por Pedro Venceslau e Valmar Hupsel Filho
Atualização:
Marco Feliciano. Foto: Antonio Augusto / Câmara dos Deputados

Marco Feliciano. Foto: Antonio Augusto / Câmara dos Deputados

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Ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, o deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) foi acusado nesta sexta-feira, 5, pela jornalista Patrícia Lelis, de 22 anos, ex-militante do PSC Jovem, de assédio sexual, tentativa de estupro e agressão. Ela registrou queixa no 3.º Distrito Policial (Campos Elísios), na capital paulista.

Talma Bauer, chefe de gabinete do parlamentar, foi conduzido ao DP, onde permanecia até as 21 horas. Patrícia acusa o funcionário de Feliciano de sequestro qualificado (cárcere privado). Ele teria coagido a jovem a gravar dois vídeos nos quais ela nega as acusações contra o deputado. O delegado Luís Roberto Hellmeister, responsável pelo caso, pediu a prisão temporária de Bauer e, até a conclusão desta edição, aguardava uma decisão judicial.

Patrícia afirmou ao Estado que foi atraída por Feliciano para seu apartamento funcional, em Brasília, no dia 15 de junho. "Ele falou que tinha uma reunião do PSC Jovem, mas quando cheguei la só estava ele", afirmou. De acordo com a jornalista, o parlamentar teria proposto que ela fosse sua amante em troca de um cargo no partido e um salário de R$ 15 mil.

"Ele tentou me arrastar para o quarto e tirar meu vestido. Como eu resisti, ele me deu um soco na boca e um chute na perna", disse Patrícia. A jornalista afirmou que só conseguiu escapar porque uma vizinha do deputado ouviu seus gritos e tocou a campainha para saber o que acontecia.

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Acompanhada da mãe e de uma advogada, Patrícia também acusou dois outros políticos do PSC. Em seu relato, ela disse que, em 16 de junho, procurou por ajuda no partido, mas teria ouvido como resposta uma proposta para receber dinheiro em troca de seu silêncio.

Sacola de dinheiro. A oferta teria sido feita pelo presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo, que foi candidato à Presidência da República em 2014. "O Pastor Everaldo me deu uma sacola de mercado cheia de dinheiro e disse que era para eu ficar quieta", disse Patrícia. Segundo ela, Everaldo também a ameaçou de morte. Teria também participado da reunião o deputado federal Gilberto Nascimento (PSC-SP).

Patrícia afirmou que, após relatar o caso no PSC, passou a ser perseguida dentro do partido. Ela disse também que, logo depois do episódio, encontrou-se com Bauer, chefe de gabinete de Feliciano, em um café. A conversa entre os dois foi gravada em áudio e o arquivo enviado a amigos com a orientação de que deveria ser divulgado na internet caso acontecesse alguma coisa com a jornalista.

No sábado, Patrícia saiu de Brasília e veio para São Paulo. Assim que chegou à capital paulista, ela relatou que continuou a ser assediada por Bauer. Segundo ela, o chefe de gabinete a forçou a gravar dois vídeos em que negava as agressões e elogiava Feliciano. Os depoimentos foram publicados em redes sociais nesta semana. "Ele também apagou a senha do meu Facebook e do WhatsApp e passou a mandar mensagens em meu nome."

Após o caso ser revelado pelo blog Coluna Esplanada, do portal de notícias UOL, a Procuradoria Especial da Mulher no Senado enviou, na quarta-feira, um ofício para que o Ministério Público Federal (MPF) investigue Feliciano.

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Outro lado. Procurados pelo Estado, Feliciano e Nascimento não foram localizados.

Pastor Everaldo disse que o tema será debatido na sigla na terça-feira e que será criada uma comissão interna para averiguar o caso.

Segundo o dirigente, o deputado federal Marcondes Gadelha (PSC-PB) vai coordenar o processo. "Essa pessoa que está falando aí eu nunca recebi sozinho. Recebi uma única vez na sede do partido. Não conheço essa história. Não sei do que se trata", disse Everaldo. / COLABOROU LUISA MARTINS

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