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Motoristas de Palocci confirmam 'valores' e 'caixas de uísque' a Lula 'barba'

Carlos Alberto Pocento e Claudio de Souza Gouveia corroboram delação de ex-ministro petista, que revelou propinas da Odebrecht para ex-presidente em 2010

Foto do author Fausto Macedo
Foto do author Luiz Vassallo
Por Ricardo Brandt , Fausto Macedo e Luiz Vassallo
Atualização:

Reprodução de depoimento de motorista de Palocci 

Carlos Alberto Pocento e Claudio de Souza Gouveia, ex-motoristas do ex-ministro Antonio Palocci, corroboraram, em depoimento, as declarações do delator sobre supostas entregas de dinheiro ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles narraram à Polícia Federal 'entregas de valores' e de caixas de uísque ao petista, que era chamado por Palocci de 'barba', no aeroporto de Brasília e na sede do Instituto Lula.

Documento

'BARBA'

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Eles falaram à Polícia Federal do Paraná no dia 30 de agosto de 2018, para prestar esclarecimentos sobre fatos investigados na Operação Lava Jato. O depoimento se deu um mês depois de o relator no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, João Pedro Gebran Neto, homologar a colaboração premiada do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil dos governos petistas.

Em depoimento prestado ano passado, Palocci afirmou ter repassado 'em oportunidades diversas' R$ 30 mil, R$ 40 mil, R$ 50 mil e R$ 80 mil em espécie para o próprio Lula'. Palocci detalhou duas entregas de dinheiro a Lula, uma no Terminal da Aeronáutica, em Brasília, no valor de R$ 50 mil, 'escondidos dentro de uma caixa de celular'. A outra entrega teria ocorrido em Congonhas. Ele contou que se recorda de que a caminho do aeroporto 'recebeu constantes chamadas telefônicas de Lula cobrando a entrega'.

Segundo Palocci, os repasses a Lula teriam ocorrido em 2010. O ex-ministro relatou uma conversa que teria tido com Marcelo Odebrecht na qual o empresário acertou o repasse de R$ 15 milhões para o ex-presidente depois que a empreiteira entrou no negócio de Belo Monte.

Reprodução de depoimento de motorista de Palocci 

Um dos motoristas de Palocci, Claudio de Souza Gouveia, que trabalhou para o ex-ministro desde 2002, 'na época de transição do governo Fernando Henrique Cardoso', respondeu à PF 'que foram muitos os episódios em que o depoente conduziu Antonio Palocci Filho até a base aérea de Brasília/DF para levar objetos, presentes, mimos a Lula'.

Ele afirma que 'havia pressa nos deslocamentos' e disse se 'recordar de caixas de uísque, de celulares, de canetas, por exemplo', mas que, 'no entanto, nunca soube se as caixas continham efetivamente celulares e garrafas de uísque ou outros conteúdos'.

Segundo Gouveia, 'em muitos desses episódios, Palocci deixava apenas os objetos com Lula no terminal ou no avião e, após alguns minutos, voltava ao carro'.

O motorista ainda detalha que Palocci carregava dinheiro em seu veículo e que 'recebia, quando necessário, recursos para combustível, por exemplo'.

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Gouveia relata 'que Palocci também carregava recursos para gastos com comitê da campanha, por exemplo, e que em algumas poucas oportunidades também constatou Palocci carregando quantidades elevadas de recursos'.

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Segundo o motorista, 'em algumas oportunidades, Palocci informava que estava carregando documentos, ao mesmo tempo que sinalizava, quando pronunciava a palavra "documentos", gesto que sinalizava dinheiro, feito com o dedão e o indicador da mesma mão'.

Já Carlos Alberto Pocento diz que 'em oportunidades diferentes em que o depoente levou Antonio Palocci Filho e Branislav Kontic à sede do Instituto Lula, ouviu afirmações proferidas por Palocci para Branislav relacionadas a valores para o 'barba'."

Indagado  pelos investigadores sobre quem seria o personagem identificado por "barba", ele 'respondeu que, pelo contexto em que os assuntos eram tratados, referia-se ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva'.

Lula tem negado as acusações de Palocci e afirma que o ex-ministro mente em delação premiada.

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