O juiz federal Sérgio Moro chegou às 9h30 para votar. De terno preto, sem gravata, entrou escoltado por dois seguranças e jornalistas no Clube Duque de Caxias, no mesmo bairro em que mora, em Curitiba. O juiz entrou discretamente pelo acesso principal e esperou três pessoas votarem antes dele - na seção 464, da 2.ª zona eleitoral, que tem 4.796 eleitores.
Durante a espera, Moro foi abordado e cumprimentado por outros eleitores e recebeu aplausos na saída do prédio.
"Gostaria de votar de pijama... Mas não posso", brincou Moro com um eleitor que o abordou para conversar na fila e falou sobre o frio e a chuva típicos da capital do Paraná na manhã deste domingo.
Enquanto aguardava, Moro foi exaltado por curiosos. "Esse é o cara", disse uma eleitora que parou para fazer fotos do juiz e comemorou ao receber um sorriso em resposta.
Depois de registrar sua digital no equipamento da urna eletrônica, Moro tirou a "cola" da carteira para votar. Depois, guardou o papel em seu bolso e saiu sorrindo.
Ao ser questionado pela imprensa se poderia falar, Moro respondeu: "Vou ficar devendo. Hoje é o dia dos políticos".
Sigilo. Moro tornou público na última semana o primeiro termo da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci, que atinge o PT e Luiz Inácio Lula da Silva - que está preso e condenado em Curitiba pela Lava Jato.
Usada pelos adversários para atacar o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, a delação tornada pública a seis dias da votação resultou em uma reclamação do partido ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que terá que responder nos próximos dias.
Na decisão, o juiz afirmou que era necessário instruir a ação penal contra Lula, sobre suposta propina de R$ 12 milhões da Odebrecht na compra de um terreno para o Instituto Lula, que tem Palocci também como réu, e também para a "ampla defesa dos coacusados".