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Moro repudia 'incitação à prática de violência' durante condução de Lula

Um dia depois da Operação Aletheia, que pegou ex-presidente e provocou tumultos generalizados em São Paulo, juiz da Lava Jato destaca que 'democracia reclama tolerância em relação a opiniões divergentes e respeito às instituições'

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Por Ricardo Brandt , Fausto Macedo , Julia Affonso e enviado especial a Curitiba
Atualização:

Militantes a favor e contra o ex-presidente Lula brigam na avenida Getúlio Vargas, no bairro Baeta Neves, em São Bernardo do Campo (SP). Foto: Clayton de Souza/Estadão

Atualizada às 15h08

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O juiz federal Sérgio Moro declarou neste sábado, 5, que 'repudia, sem prejuízo da liberdade de expressão e de manifestação política, atos de violência de qualquer natureza, origem e direcionamento, bem como a incitação à prática de violência, ofensas ou ameaças a quem quer que seja, a investigados, a partidos políticos, a instituições constituídas ou a qualquer pessoa'.

A manifestação do juiz da Lava Jato, em nota oficial, ocorre um dia depois da deflagração da Operação Aletheia, que pegou o ex-presidente Lula e o levou para depor coercitivamente. O petista foi surpreendido pela Polícia Federal em sua residência, em São Bernardo do Campo, e levado para uma sala no Aeroporto Internacional de São Paulo em Congonhas.

O depoimento obrigatório de Lula na Lava Jato serviu para reaproximar o ex-presidente de sua sucessora, justamente no momento em que Dilma buscava ampliar seus canais de interlocução com a oposição e se afastava do PT.No sábado, Dilma esteve em São Paulo para se encontrar com Lula, que passou a manhã em seu apartamento no ABC.

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A presidente Dilma visitou o ex-presidente Lula e a mulher, Marisa Leticia, em São Bernardo do Campo, um dia após a condução coercitiva do petista. Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Durante o depoimento de Lula, que se prolongou por mais de três horas, manifestantes se confrontaram nas ruas da cidade. Pancadarias foram registradas em diversos locais.

 Foto: Paulo Whitaker/Reuters

A Aletheia - 24.ª fase e ápice da Lava Jato - foi desencadeada por ordem de Moro, que acolheu representação do Ministério Público Federal.Em nota oficial, o magistrado destacou que 'a democracia reclama tolerância em relação a opiniões divergentes e respeito às instituições constituídas e à qualquer pessoa'.

Moro demonstrou ter ficado consternado com o clima acirrado. " A pedido do Ministério Público Federal, este juiz autorizou a realização de buscas e apreensões e condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para prestar depoimento. Como consignado na decisão, essas medidas investigatórias visam apenas o esclarecimento da verdade e não significam antecipação de culpa do ex-presidente."

 Foto: Miguel Schincariol/AFP

O juiz observa que 'cuidados foram tomados para preservar, durante a diligência, a imagem do ex-presidente'

"Lamenta-se que as diligências tenham levado a pontuais confrontos em manifestação políticas inflamadas, com agressões a inocentes, exatamente o que se pretendia evitar."

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Moro disse que ' repudia, sem prejuízo da liberdade de expressão e de manifestação política, atos de violência de qualquer natureza, origem e direcionamento, bem como a incitação à prática de violência, ofensas ou ameaças a quem quer que seja, a investigados, a partidos políticos, a instituições constituídas ou a qualquer pessoa'.

"A democracia em uma sociedade livre reclama tolerância em relação a opiniões divergentes, respeito à lei e às instituições constituídas e compreensão em relação ao outro."

LEIA A INTEGRA DA NOTA OFICIAL DO JUIZ SÉRGIO MORO

 

 

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