Três meses após o presidente Jair Bolsonaro sugerir um nome para a Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, foi nomeado para o cargo nesta quinta-feira, 21, outro delegado, Carlos Henrique de Sousa, indicado pelo diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, com o aval do ministro Sérgio Moro.
A definição do ocupante do posto no Rio de Janeiro, em substituição a Ricardo Saadi, foi tema de um entrevero entre Bolsonaro e Moro e causou desgaste entre o presidente, a cúpula da PF e o próprio ministro em agosto. Bolsonaro queria na vaga Alexandre Saraiva, superintendente no Amazonas.
A PF não aceitava indicação de 'cima para baixo' para o preenchimento dessa vaga e ameaçava implodir caso Moro cedesse a uma interferência do Planalto.
Na época, Bolsonaro alegou baixa produtividade de Saadi, o que foi desmentido em nota oficial da PF, com anuência de Moro. Conforme o Estado mostrou, a Superintendência do Rio cresceu no ranking interno da PF que media o rendimento das unidades, após a chegada de Saadi, saltando das últimas colocações para o quarto lugar. A reação da PF desagradou a Bolsonaro.
"Se eu não posso trocar o Superintendente, posso trocar o diretor-geral", chegou a dizer Bolsonaro, em ameaça de demissão a Valeixo. Moro conseguiu, a duras penas, contornar a situação. Valeixo foi mantido e Carlos Henrique, agora, é nomeado.
A portaria do Diário Oficial da União nesta quinta-feira traz também a nomeação da delegada Carla Patricia Cíntia Barros da Cunha como superintendente da PF em Pernambuco, no lugar se Carlos Henrique Sousa. Quem assina é o número 2 do Ministério da Justiça, o secretário-executivo da PF, Luiz Pontel, em substituição ao ministro Sérgio Moro.
Além dessas mudanças, o delegado João Vianey Xavier Filho foi nomeado superintendente em Alagoas. Vianey era o coordenador de inteligência da PF. Vianey trabalhou na Operação Spoofing, que levou à prisão seis suspeitos de hackear altas autoridades da República, incluindo Moro, parlamentares e ministros de tribunais superiores, além de procuradores da Lava Jato. A saída se dá antes da conclusão do inquérito, que ainda não resultou em denúncia criminal.
Internamente a Polícia Federal avalia que são quadros muito bons e que sua escolha fortalece e une a corporação.