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Moro pede a Raquel que abra para perícia sistemas de propina da Odebrecht

Juiz da Lava Jato enviou ofício à procuradora-geral da República solicitando acesso de peritos da Polícia Federal aos programas eletrônicos Drousys e My Web Day, 'sob a guarda' do Ministério Público Federal em Brasília

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Por Julia Affonso e Ricardo Brandt
Atualização:

Raquel Dodge. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, solicitou nesta quinta-feira, 28, à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para que peritos da Polícia Federal acessem os sistemas eletrônicos Drousys e My Web Day, usados pelo Grupo Odebrecht para lançamentos na contabilidade informal de pagamento de propina. O material está 'sob a guarda' da Procuradoria-Geral da República.

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O magistrado atendeu a pedido da defesa do ex-presidente Lula e ordenou que seja feita perícia sobre o sistema no dia 13. O requerimento foi feito na ação sobre supostas propinas da Odebrecht ao petista. Estariam incluídos nas vantagens indevidas um terreno que abrigaria uma sede para o Instituto Lula, na Rua Haberbeck Brandão, 178, e o apartamento 121, do edifício Hill House, em São Bernardo do Campo (SP), anexo ao do ex-presidente.

"A perícia servirá para extrair do sistema apenas eventuais lançamentos e documentos relacionados com o objeto específico desta ação penal, sem afetação de outras investigações ou ações penais ou material relativo a autoridades com foro por prerrogativa de função", informou Moro, em ofício, a Raquel.

"Como, em princípio, parte do material estaria, segundo o Ministério Público Federal local, sob a guarda da Procuradoria Geral da República, solicito, respeitosamente, à V.Ex.ª, que seja disponibilizado, se necessário e da forma possível, aos peritos da Polícia Federal e assistentes técnicos o acesso a ele, para o fim de realização da perícia."

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O juiz da Lava Jato afirmou à procuradora-geral que 'o acesso poderá ocorrer, se necessário, nas próprias dependências da Procuradoria Geral da Pública e sob os oportunos controles'.

"Detalhes poderão ser definidos diretamente com os peritos da Polícia Federal e por intermédio do Ministério Público Federal local. Oportunamente, comunicarei o nome do perito da Polícia Federal responsável pelo laudo", anotou Moro.

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"Destaco, por oportuno, que o material em questão foi disponibilizado no âmbito do acordo de leniência do Grupo Odebrecht e que foi submetido a este Juízo para homologação. Esclareça-se ainda que, sem a disponibilização do material para a perícia oficial, terá ele pouca utilidade como material probatório para instruir as investigações ou ações penais relativas aos fatos revelados pelo Grupo Odebrecht."

Ao ordenar a perícia, o juiz da Lava Jato formulou quatro quesitos judiciais. Na lista estão: descrição geral do que tratam os sistemas Drousys e MyWebDay utilizados pelo Grupo Odebrecht e disponibilizados ao Ministério Público Federal, inclusive quanto ao seu funcionamento; se é possível garantir a autenticidade dos arquivos eletrônicos ou sistemas disponibilizados ao Ministério Público Federal, com a data de sua produção e informações sobre eventuais alterações posteriores solicita-se que seja verificado se o material contém documentos ou lançamentos que possam estar relacionados com o objeto da presente ação penal, a aludida aquisição do prédio na Rua Haberbeck Brandão, 178, e caso positivo para que sejam identificados e apresentados em laudo; e que seja verificado se os materiais já juntados aos autos pelo Ministério Público Federal e pela defesa de Marcelo Bahia Odebrecht encontram-se no sistema e se é possível relacioná-los à aludida aquisição do prédio na Rua Haberbeck Brandão, 178.

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