Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Moro manda hospital verificar de novo registros sobre compadre de Lula

Sírio-Libanês, em São Paulo, havia informado ao juiz da Lava Jato não ter encontrado anotações de visitas do advogado Roberto Teixeira que, em interrogatório, declarou ter estado no local

PUBLICIDADE

Foto do author Julia Affonso
Por Julia Affonso e Ricardo Brandt
Atualização:

Sergio Moro. Foto: Gabriela Bilo/Estadão

O juiz federal Sérgio Moro mandou nesta sexta-feira, 13, o Hospital Sírio-Libanês verificar novamente se os registros de entrada apontam ingresso em suas dependências do advogado Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente Lula. Interrogado por Moro, na Operação Lava Jato, o próprio Teixeira relatou ter se encontrado com o engenheiro Glaucos da Costamarques no saguão do hospital, em São Paulo.

Moro dá 48 horas a Lula para entregar recibos originais

PUBLICIDADE

Glaucos é dono do apartamento 121 do edifício Hill House, em São Bernardo do Campo, imóvel que teria sido adquirido com propinas da empreiteira Odebrecht, segundo acusação do Ministério Público Federal.

Publicidade

"Para dirimir por completo esta questão e considerando o requerido no evento 1.118, oficie-se novamente ao Hospital Sírio Libanês em São Paulo solicitando informação sobre eventuais registros de ingresso de Roberto Teixeira no Hospital Sírio Libanês no segundo semestre de 2015, a qualquer título, para internação ou tratamento", ordenou Moro.

+ 'Laranja' de Lula em apartamento e prédio do Instituto também é investigado em negócios de filho do petista

+ Contador diz que recebeu comprovantes de Glaucos

Na quarta-feira, 11, o Sírio-Libanês entregou a Moro a relação de três visitas do contador João Leite Muniz a Glaucos em dezembro de 2015. O hospital informou também que não havia encontrado anotações sobre Roberto Teixeira.

Primo de José Carlos Bumlai, amigo do petista, o engenheiro diz ter assinado recibos de aluguel do apartamento 121 - vizinho à residência de Lula - referentes ao ano de 2015 enquanto esteve internado naquele hospital. Segundo Glaucos, o contador Muniz Leite teria ido ao seu encontro para solicitar que rubricasse os documentos após uma visita anterior de Teixeira.

Publicidade

Para os procuradores, a Odebrecht custeou a compra do apartamento, em nome de Glaucos. Na mesma ação, Lula responde por também ter supostamente recebido da empreiteira terreno onde seria sediado o Instituto Lula, no valor de R$ 12,5 milhões.

PUBLICIDADE

Sobre o apartamento do edifício Hill House, em São Bernardo, a Lava Jato afirma que não houve pagamento de aluguel entre fevereiro de 2011 e pelo menos novembro de 2015.

No dia 25 de setembro, a defesa do ex-presidente apresentou documentos que contestam a versão dos procuradores. Os advogados do ex-presidente anexaram um contrato da ex-primeira dama Marisa Letícia com Glaucos, dono do imóvel no cartório, e recibos de pagamento. Dois comprovantes apresentam datas que não existem no calendário. Parte dos documentos ainda apresenta os mesmos erros de ortografia.

O Ministério Público Federal, no Paraná, entrou com um incidente de falsidade, em 4 de outubro, para apurar a autenticidade dos documentos apresentados pela defesa do ex-presidente e cobra os recibos originais. Os procuradores afirmam que os comprovantes são 'ideologicamente falsos' e pediram perícia.

Nesta sexta-feira, 13, o juiz Moro deu prazo de 48 horas, a partir da notificação, para a defesa do ex-presidente entregar na Secretaria da 13.ª Vara Federal de Curitiba os originais dos recibos de aluguel.

Publicidade

O magistrado considerou 'desnecessária' uma audiência formal para entrega dos documentos ou a presença de perito. "Os recibos deverão ser entregues na Secretaria deste Juízo e que os acautelará para submetê-los a perícia caso seja de fato deferida."

O QUE DISSE ROBERTO TEIXEIRA NO INTERROGATÓRIO DE MORO

Juiz Federal:- O senhor Glaucos, depondo aqui, declarou que teria sido procurado pelo doutor no final de 2015 no sentido de que os pagamentos seriam feitos a partir dali por depósito em conta, isso aconteceu mesmo?

Roberto Teixeira:- Não aconteceu, não aconteceu, apenas eu me lembro que certa vez eu estava no hospital, quando, ano passado eu tive, não sei, já devem saber, sou cardiopata, tenho uma série de problemas de coração, e de quando em quando eu baixo no hospital, eu primo por dizer que sou (inaudível), ano passado eu fui fazer um cateterismo e tive a infelicidade de furarem a minha artéria, eu fiquei 15 dias lá paralisado praticamente e depois tive ainda uma infecção hospitalar, fiquei 30 dias hospitalizado no Sírio Libanês, e quando eu voltei para fazer uma... Juntamente com a minha esposa para fazer um curativo, encontrei no saguão com o Glaucos, ele na época mostrou interesse apenas em saber como é que estaria regularizada a titulação desse imóvel, exatamente esse assunto que nós falamos, a respeito do inventário, porque ele também havia sofrido uma série de percalços físicos e ele estava preocupado em deixar essas situações, os imóveis todos regularizados para a família, mais ou menos foi isso a conversa que nós tivemos.

Juiz Federal:- Não trataram de aluguel, então?

Publicidade

Roberto Teixeira:- Não senhor.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.