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Moro diz que não estabeleceu nenhuma condição para integrar equipe de Bolsonaro

A afirmação do ministro de Justiça e Segurança Pública se dá um dia após o presidente declarar, em entrevista à rádio Bandeirantes, que pretende indicá-lo para a primeira vaga que abrir no Supremo

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Por Pepita Ortega e Edson Fonseca
Atualização:

O Ministro da Justiça Sérgio Moro. Foto: Gabriela Biló / Estadão

O ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro, afirmou nesta segunda, 13, que não estabeleceu nenhuma condição para fazer parte do governo de Jair Bolsonaro. O ministro afirmou que se sentia 'honrado' por ter seu nome lembrado pelo presidente que afirmou neste domingo, 12, em entrevista à rádio Bandeirantes, que espera 'cumprir o compromisso' de indicar Moro para uma vaga no Supremo Tribunal Federal.

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Em Curitiba, onde participa do Congresso Nacional Sobre Macrocriminalidade e Combate à Corrupção, o ministro falou no painel 'O crime organizado e a corrupção no Brasil' ao lado do desembargador do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, João Pedro Gebran Neto, relator da Operação Lava Jato na Corte.

O evento foi organizado pela Escola da Magistratura Federal do Paraná (Esmafe-PR) e a Associação Paranaense dos Juízes Federais (Apajufe) e acontece na Universidade Positivo.

"Ele (Bolsonaro) foi eleito, fez o convite, fui até a casa dele no Rio de Janeiro. Nós conversamos e nós, mais uma vez publicamente, eu não estabeleci nenhuma condição. Não vou receber convite para ser ministro e estabelecer condições sobre circunstâncias do futuro que não se pode controlar", afirmou o ex-juiz da Lava Jato na palestra em Curitiba.

Ele disse, ainda, que 'se sentia honrado por ter tido seu nome lembrado'.

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Durante a entrevista à Band neste domingo, 12, Bolsonaro afirmou que 'uma pessoa da qualificação do Moro se realizaria dentro do STF' e que o atual ministro seria 'grande aliado da sociedade brasileira dentro do STF'.

A primeira cadeira a ficar vaga na Corte máxima deverá surgir em novembro de 2020, quando o decano Celso de Mello se aposenta pela compulsória, aos 75 anos de idade.

"Quando surgir a vaga isso vai ser discutido, antes não", declarou Moro nesta segunda, 13. "Como disse, eu fico extremamente honrado com a posição do presidente, claro, fui magistrado 22 anos, todo magistrado tem o sonho de compor o Supremo Tribunal Federal, mas isso não é algo com o que eu me preocupo no momento. No fundo o que nós fazemos agora é nos focar no trabalho do Ministério da Justiça e Segurança Pública."

O ministro reiterou que, no encontro com Bolsonaro, logo após a eleição, disse ao então recém-eleito presidente. "O que eu levei ao presidente foi: 'presidente, eu quero trabalhar contra a corrupção, crime organizado e crime violento. Esse tem que ser o foco do Ministério da Justiça e Segurança Pública. E houve uma convergência de pautas."

Moro comentou também a decisão da Câmara de passar o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Ministério da Economia. "A tendência é ele ficar negligenciado no Ministério da Fazenda ou da Economia. Na Justiça e Segurança Pública, nós reconhecemos o valor estratégico. O Ministério da Economia tem uma gama de outras responsabilidades. Tem que pensar na taxa de juros, no crescimento econômico e agora essa questão da nova previdência", argumentou Moro.

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O ministro criticou ainda a emenda que limita a atuação dos auditores fiscais, aprovada pela comissão de deputados e senadores que avalia medida provisória da reforma administrativa do governo Bolsonaro. O texto proíbe o auditor fiscal de comunicar ao Ministério Público indícios de crimes como é possível atualmente.

"Eu acho que não é a melhor medida essa proibição ao auditor fiscal que, por exemplo, em uma investigação tenha um contato com um caso envolvendo lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, pode ser crime de contrabando. Ele, ao meu ver, tem o dever de comunicar os fatos, e não é bom para a sociedade que ele seja impedido para tanto", afirmou.

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