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Moreira Franco pegou R$ 3 mi em propinas, diz executivo da Odebrecht

Segundo revista 'Veja', Claudio Melo Filho, ex-vice-presidente de relações institucionais da maior empreiteira do País, afirmou em fase preliminar de delação premiada que então ministro da Aviação Civil do governo Dilma pediu dinheiro para cancelar construção de aeroporto em Caieiras, na Grande São Paulo, em 2014

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Por Redação
Atualização:

 

Moreira Franco Foto: Estadão

O executivo Claudio Melo Filho, ligado à empreiteira Odebrecht, afirmou à Procuradoria-Geral da República que o ex-ministro Moreira Franco (Secretaria de Aviação Civil/Governo Dilma) recebeu R$ 3 milhões em propina em 2014. Em troca, Moreira Franco teria cancelado plano para construção de um terceiro aeroporto internacional de São Paulo, no município de Caieiras, próximo a Guarulhos. As informações foram publicadas pela revista Veja.

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Hoje ocupando cargo estratégico no governo Michel Temer, como secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco negou a propina.

Em nota divulgada por sua assessoria, Moreira Franco - ex-governador do Rio (1987/1991) e ex-deputado federal por três mandatos (PMDB) - classificou a denúncia do executivo de 'mentira afrontosa'.

Segundo a revista, Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, afirmou aos procuradores da República da força-tarefa que atua perante o Supremo Tribunal Federal, que os R$ 3 milhões supostamente exigidos pelo então ministro de Dilma eram mesmo propina e não uma doação eleitoral. Naquele ano, Moreira Franco não concorreu a nenhum cargo eletivo.

A versão do executivo contrasta com a que ex-ministros do PT reiteradamente tem adotado - a de que valores milionários foram repassados pelas gigantes da construção civil que se cartelizaram na Petrobrás entre 2004 e 2014 disfarçados em doações de campanha.

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Melo Filho é um dos 52 ex-dirigentes da Odebrecht que negociam delação premiada. O principal nome desse rol de delatores é Marcelo Bahia Odebrecht, presidente afastado do grupo, preso na Operação Lava Jato desde 19 de junho de 2015.

O ex-vice de Relações Institucionais da empreiteira teria declarado à Procuradoria-Geral, ainda na fase de elaboração de anexos - preliminar aos depoimentos formais da colaboração premiada - que a propina tinha por objetivo barrar a obra em Caieiras.

O projeto, na ocasião defendido enfaticamente por Moreira Franco, preocupava Odebrecht e Léo Pinheiro, da OAS, porque iria concorrer diretamente com a operação de outros três aeroportos - Galeão, no Rio, Viracopos, em Campinas, e Cumbica, em Guarulhos.

Os concessionários desses três aeroportos ficaram incomodados porque fizeram investimentos pesados. No Galeão, a Odebrecht venceu leilão de concessão com promessa de desembolso da ordem de R$ 20 bilhões.

A conversa com o então ministro da Aviação Civil teria ocorrido em maio de 2014, quando ele abriu a negociação para que o governo autorizasse outras duas empreiteiras, a Andrade Gutierrez e a Camargo Corrêa, a construir o empreendimento em Caieiras.

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"São Paulo precisa de um terceiro aeroporto para desafogar Congonhas e Guarulhos por causa da alta demanda", declarou Moreira Franco, na época.

O aeroporto, porém, nunca saiu do papel.

Na nota que divulgou neste sábado, 15, o ministro de Temer não nega que tenha conversado com o executivo da Odebrecht, mas afirmou que nunca tratou com Melo Filho sobre dinheiro ilícito. "A denúncia do senhor Cláudio Melo Filho publicada na Veja é uma mentira afrontosa, pois jamais falei em dinheiro com ele."

"Considero a denúncia uma indignidade e, sem provas, uma covardia", reagiu Moreira Franco.

"Quanto a não aprovação do aeroporto (de Caieiras), como disse, se deu por razões técnicas."

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Segundo o ministro, o artigo 2.º do Decreto 7.871, de 21 de dezembro de 2012, 'impede aeroportos privados de explorarem linhas aéreas regulares, como se queria'.

COM A PALAVRA, MOREIRA FRANCO

"A denúncia do senhor Cláudio Melo Filho publicada na @VEJA é uma mentira afrontosa, pois jamais falei em dinheiro com ele.

Considero a denúncia uma indignidade e, sem provas, uma covardia

Qto a não aprovação do aeroporto, como disse, se deu por razões técnicas.

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O artigo 2º do Decreto 7.871, de 21/12/2012, impede aeroportos privados de explorarem linhas aéreas regulares, como se queria"

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