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Ministro do STJ converte prisão de Pastor Everaldo e empresário de temporária para preventiva

Pastor Everaldo é apontado pela PGR como um dos líderes dos três grupos instalados no governo fluminense para desvio de recursos e contratações irregulares

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Por Redação
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Pastor Everaldo foi preso na operação Tris in Idem. Foto: Fabio Motta/Estadão

O ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decidiu converter a prisão do presidente do PSC, Pastor Everaldo, e do empresário José Carlos de Melo de temporária para preventiva (que não tem prazo para acabar). A determinação do ministro atende a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).

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Pastor Everaldo é apontado pela PGR como um dos líderes dos três grupos instalados no governo fluminense para desvio de recursos e contratações irregulares. Influente na política local, o pastor foi preso no dia 28 de agosto, no âmbito da mesma operação que afastou Wilson Witzel (PSC) do Palácio Guanabara. Na última quarta-feira, por 14 a 1, a Corte Especial do STJ confirmou o afastamento de Witzel do cargo.

Segundo as investigações, Pastor Everaldo é suspeito de liderar "um dos grupos criminosos" que atuavam no Executivo e no Legislativo do Rio. Esse grupo, de acordo com o Ministério Público, cobrava propina para direcionar contratos em várias áreas da administração pública.

"Everaldo instituiu uma 'caixinha única' para pagamentos de vantagens indevidas a agentes públicos da organização criminosa sob investigação, a partir do direcionamento de contratações de organizações sociais e na cobrança de um 'pedágio' sobre a destinação de 'restos a pagar' aos fornecedores", diz representação da subprocuradora-geral Lindôra Araújo ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Para "administrar a caixinha", ainda conforme os investigadores, Everaldo teria criado uma "típica estrutura ramificada de organização criminosa, com divisão de tarefas entre integrantes do grupo", entre eles Witzel e o ex-secretário de Saúde do Rio Edmar Santos, que fez acordo de delação premiada.

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Procurada pela reportagem, a defesa do Pastor Everaldo disse que o presidente do PSC "está sendo alvo de uma delação mentirosa" e que "sempre esteve à disposição das autoridades". "Prova disso é que, no dia 19/8, antes de ser preso, pediu formalmente ao STJ para ser ouvido. O Pastor reafirma sua inocência, confiança na Justiça e fé em Deus", informaram os advogados do Pastor Everaldo.

O PSC, por sua vez, informou em nota que "considera desnecessária a prisão do Pastor Everaldo, um cidadão que sempre esteve à disposição das autoridades". "O PSC confia na Justiça, entretanto alerta que a criminalização da política fragiliza a democracia. O ex-senador Marcondes Gadelha segue na presidência do partido e o calendário eleitoral da legenda permanece inalterado", disse o partido.

A defesa de José Carlos de Melo não foi localizada.

Perfil. Da candidatura nanica ao Planalto em 2014 até a prisão pela Polícia Federal, a trajetória política de Pastor Everaldo ficou marcada pelo "batismo" do presidente Jair Bolsonaro no Rio Jordão, em maio de 2016. Católico, Bolsonaro, então deputado federal, fez, na ocasião, um aceno aos evangélicos, hoje parte importante do seu eleitorado.

Dois anos depois, o pastor ganhou poderes na política do Rio. Presidente do partido de Witzel, Everaldo foi o responsável por estimular a candidatura do ex-juiz ao governo do Estado. Era visto com frequência no Palácio Guanabara, embora não tivesse cargo público. Além da Secretaria de Saúde, foco da investigação sobre desvios durante a pandemia do novo coronavírus, o pastor da Assembleia de Deus mantinha influência também na Cedae, empresa pública de água e esgoto.

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