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Ministério Público abre inquérito contra Abner Henrique e Dihh Lopes por piadas sobre autismo e crianças com deficiência

Promotor de Direitos Humanos Wilson Tafner afirma que dupla violou a honra e a dignidade após 'piadas' discriminatórias

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Por Paulo Roberto Netto
Atualização:

O promotor de Justiça Wilson Tafner, do Ministério Público de São Paulo, abriu inquérito criminal contra os humoristas Abner Henrique e Dihh Lopes após cenas do espetáculo gravado em Brasília apontar piadas discriminatórias contra pessoas com deficiência e autismo. As imagens foram amplamente divulgadas em redes sociais e motivaram críticas de figuras públicas, como o apresentador Marcos Mion.

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No ato, os humoristas discutiam uma banda de rock formada por pessoas com autismo. "Tinha videozinho com a música. Antes de clicar eu pensei: será que eu consigo assistir esse vídeo sem dar risada? Era cada um tocando uma música diferente. É muito difícil não rir de uma banda que o baterista está de fralda", afirmaram, enquanto gesticulavam como seriam os movimentos de uma pessoa autista.

De acordo com Tafner, a dupla extrapolou o direito à liberdade de expressão ao utilizar de piadas e gestos que violaram a honra e a dignidade de pessoas com deficiência.

"O exercício do direito fundamental à liberdade de expressão deve e pode ser legitimamente restringido no caso concreto, quando incide em discurso de ódio e discriminação, suprimindo o gozo e exercício de outros direitos humanos fundamentais", afirmou o promotor.

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Tafner solicita ainda a exclusão, tanto no Twitter quanto no Instagram, das gravações.

Prédio do Ministério Público em São Paulo; recurso contra acordo é de procuradora da 2.ª instância. Foto: EVELSON DE FREITAS/ESTADÃO

Nas redes sociais, o apresentador Marcos Mion, que tem um filho autista, criticou duramente a dupla. "Esses dois pegaram no nervo, foram a escória da humanidade. Qualquer pai, qualquer mãe que já viu um deficiente, que conviveu ou que tem na família, se você tem empatia, vai concordar comigo", comentou.

No início deste ano, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei Romeo Mion, batizada em nome do filho do apresentador, que cria a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea). O documento é gratuito, pode ser solicitado a órgãos municipais, e garante prioridade no atendimento nas áreas de saúde, educação e assistência social em estabelecimentos públicos e privados.

COM A PALAVRA, OS HUMORISTAS ABNER HENRIQUE E DIHH LOPESA reportagem busca contato com a dupla. O espaço está aberto a manifestações (paulo.netto@estadao.com)

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