Redação
10 Abril 2015 | 17h40
Atualizada às 19h39
Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso e Fausto Macedo
Sob a rubrica de ‘publicidade de utilidade pública’, o Ministério da Saúde pagou pelo menos R$ 110 milhões para a agência BorghiLowe entre 2011 e 2014. A Polícia Federal suspeita que a BorghiLowe teria firmado contratos de ‘fachada’ com setores da administração pública para disfarçar a circulação de propinas endereçadas a políticos, principalmente o ex-deputado federal do PT André Vargas, preso nesta sexta feira, 10, pela Operação ‘A Origem’, 11.ª primeira etapa da Lava Jato.
As informações sobre os valores canalizados para a BorghiLowe, entre 2011 e 2013, constam de relatório da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da Polícia Federal em Curitiba, base da Lava Jato. O relatório faz parte do pedido de prisão do publicitário Ricardo Hoffman, representante da agência.
Os valores referentes a 2014 foram retirados do Portal da Transparência. A pasta repassou R$ 26 milhões à agência.
Os contratos de publicidade são o novo alvo da força tarefa da Lava Jato, ainda em meio a investigações acerca de propinas e cartelização no âmbito da Petrobrás. A Justiça decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal da BorghiLowe e de seis produtoras subcontratadas. A medida foi tomada pelo juiz Sérgio Moro, que conduz todas as ações penais da Lava Jato.
O resultado da consulta da PF sobre os desembolsos em propaganda verificou pagamentos oriundos do Ministério da Saúde tendo como unidade gestora a Coordenação-Geral de Material e Patrimônio e como favorecida a BorghiLowe.
Em 2011, o Ministério da Saúde pagou R$ 7,78 milhões para a agência. Em 2012, R$ 31,6 milhões. Em 2013, foram liberados R$ 20,4 milhões para o caixa da matriz da BorghiLowe e mais R$ 23,8 milhões para uma filial da agência. A pesquisa não encontrou resultados para o ano de 2014.
COM A PALAVRA, A BORGHILOWE.
Hoje, um juiz federal emitiu uma ordem judicial para coletar informações nos escritórios da BorghiLowe em conexão com a investigação conhecida como operação “Lava Jato”. Entendemos que as autoridades estão buscando informações quanto a um ex-funcionário. A empresa cooperou ativamente atendendo a ordem judicial e continuará a fazê-lo.
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