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Minha reação é de achar graça, diz general alvo de buscas por fake news

General da reserva afirma ao Estado não ter 'nada a esconder'

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Por Tania Monteiro/BRASÍLIA
Atualização:

O General da reserva Paulo Chagas. Foto: Dida Sampaio / Estadão

Ao Estado, o general da reserva Paulo Chagas, alvo de mandado de busca e apreensão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, afirmou ter certeza que a ordem judicial têm relação com o que ele escreve. Paulo Chagas é investigado no inquérito que apura supostas fake news contra ministros da Corte.

"Escrevo sobre o STF há muito tempo. Evito falar mal da Corte, Mas não de atos de pessoas da Corte. Estou em Campinas. Minha reação é de achar graça", disse.

"Não tenho nada para esconder. Tudo o que faço e falo coloco no meu blog."

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Paulo Chagas afirmou que não ligou para o presidente Jair Bolsonaro ou alguém do Planalto.

"Não é assunto para tratar com presidente da República", declarou o general.

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Em seu Twitter, Paulo Chagas costuma fazer críticas ao Supremo. No dia 16 de março, o general escreveu. "A pressão popular sobre os ministros do STF está surtindo efeito. Se quem não deve não teme, por que Gilmar Mendes e Toffolli estão tão agressivos? O desespero indica que estamos no caminho da verdade! "Sustentar o fogo porque a vitória é nossa"."

Também investigada no inquérito, Isabella Trevisani afirmou que a ordem judicial não vai intimidar. "Vou tacar mais ovos", ela postou em sua conta no Facebook, nesta terça, 16.

"Acabei de ficar sabendo que a Polícia Federal já esteve na minha casa, já fez busca e apreensão, já levou meu computador. Ela já esteve lá às 6h da manhã, só que eu não estava sabendo, porque ontem eu vim para a Paulista e acabei ficando para cá", disse Isabella em um vídeo publicado em sua rede social.

"Eles já levaram meu computador, já levaram tudo o que eles podiam. Minha mãe recebeu a Polícia Federal em casa às 6h da manhã. Essa é a ditadura do Judiciário, eles querendo calar o povo brasileiro que luta contra eles nas ruas, eles querendo impedir, censurar de todas as maneiras possíveis."

"Então, eu só tenho um recado a vocês. Ministro Alexandre de Moraes, ministros do STF brasileiro, a hora de vocês está chegando. Vou tacar mais ovos no carros, nos prédios, onde eu conseguir."

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"Pode me aguardar. Eu não vou me calar, eu não vou me intimidar, não vai intimidar o povo brasileiro. Nós continuaremos nas ruas contra esse descaso, esse desrespeito, essa arbitrariedade imensa que vocês vêm fazendo contra nós, essa censura."

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Em março, o presidente do Supremo, Dias Toffoli, mandou abrir um inquérito contra 'notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, ameaças e infrações revestidas de animus caluniandi, diffamandi ou injuriandi, que atingem a honorabilidade e a segurança do Supremo Tribunal Federal, de seus membros e familiares, extrapolando a liberdade de expressão'. Na ocasião, o ministro citou um artigo do regimento interno do STF, segundo o qual, 'ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal, o Presidente instaurará inquérito, se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição'.

Nas três páginas de manifestação, o presidente da Corte também aproveitou para frisar que o inquérito não investiga apenas ações criminosas "isoladamente praticadas", mas também busca identificar associações de pessoas que tenham como objetivo "perpetrar, de forma sistemática, ilícitos que vão de encontro aos bens jurídicos em questão".

Nesta segunda-feira, 15, no âmbito do inquérito, o ministro determinou à revista 'Crusoé' e ao site 'O Antagonista' que retirassem do ar imediatamente a reportagem intitulada 'amigo do amigo de meu pai', que cita o presidente da Corte, Dias Toffoli. A revista repudiou a decisão e denunciou o caso como censura. Alexandre impôs ainda uma multa diária de R$ 100 mil em caso de desobediência.

"Determino que o site O Antagonista e a revista Crusoé retirem, imediatamente, dos respectivos ambientes virtuais a matéria intitulada 'O amigo do amigo de meu pai' e todas as postagens subsequentes que tratem sobre o assunto, sob pena de multa diária de R$ 100 mil, cujo prazo será contado a partir da intimação dos responsáveis. A Polícia Federal deverá intimar os responsáveis pelo site O Antagonista e pela Revista Crusoé para que prestem depoimentos no prazo de 72 horas", ordenou.

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O ministro não fez nenhuma declaração sobre sua decisão, mas a interlocutores próximos ressaltou que não impôs censura às publicações. Na avaliação de Alexandre, 'liberdade de imprensa impede a censura prévia, mas não responsabilização posterior'.

O ministro ressaltou que 'a notícia se baseou na PGR, que a desmentiu, mesmo assim insistiram na fake news'. "Isso está claro na decisão."

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