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Mercados seguem apostando no controle da epidemia do coronavírus

Por José Pena
Atualização:
José Pena. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Sem surpresa, as atenções dos mercados globais seguem concentradas na epidemia do coronavírus. A contagem de casos na China saltou em quase 15 mil, devido à inclusão de diagnósticos realizados também a partir de exames clínicos (até então eram considerados apenas os casos confirmados através de exames laboratoriais). Apesar dessa alteração, ainda é possível observar uma tendência de redução no número de novas infecções. Ou seja, embora pior do que inicialmente imaginado, o quadro segue apontando para uma melhora da crise ao longo das próximas semanas.

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Essa perspectiva é fundamental para a recuperação dos ativos financeiros globais, à medida em que preserva como válida a hipótese de uma crise aguda no curto prazo, mas que é revertida em grande medida num horizonte não muito longo. Também tem ajudado a melhorar o grau de confiança dos mercados, a perspectiva de que medidas de estímulo monetário e fiscal serão lançadas pelo governo chinês em um futuro próximo para mitigar os efeitos da epidemia sobre o crescimento econômico chinês, certamente bastante comprometido neste primeiro trimestre do ano. 

O IBGE divulgou nos últimos dias o desempenho das vendas do varejo e do setor de serviços para dezembro e ambos reforçaram a trajetória de desaceleração no ritmo de expansão da atividade doméstica no final do ano passado. Embora inequívoca, essa desaceleração não pode ser facilmente explicada por alguns dos principais fatores explicativos do comportamento do consumo, afinal tem havido uma melhora do mercado de trabalho (incluindo mais vagas com carteira assinada), as concessões de crédito seguem mostrando crescimento expressivo e os indicadores de confiança do consumidor continuam em patamares relativamente altos (vis-a-vis os padrões dos últimos anos). 

Quando combinamos essa fraqueza da atividade doméstica aos desafios que a crise do coronavírus pode impor à economia brasileira ao longo de 2020, entre eles a queda dos preços de commodities, encontramos uma explicação para o pouco apetite dos investidores estrangeiros pelo Brasil, e consequente, uma maior pressão sobre nossa taxa de câmbio. Declarações de autoridades podem até gerar manchetes, mas há razões econômicas de sobra para a nossa taxa de câmbio estar onde está.

Nesta semana começa a rodada de PMIs (Índice de Gerentes de Compras) preliminares de fevereiro: Japão na quinta-feira a noite; Europa e EUA na manhã de sexta. A partir desses indicadores poderemos começar a inferir o impacto da epidemia que já se faz sentir entre as empresas dessas regiões. Domesticamente, conheceremos o IPCA-15 do mês de fevereiro (esperamos 0,30%).

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 *José Pena é economista-chefe da Porto Seguro Investimentos.

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