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Melhoria da atenção primária reduziria mortes por doenças cardiovasculares

Por José Francisco Kerr Saraiva
Atualização:
José Francisco Kerr Saraiva. FOTO: ANDREIA NAOMI Foto: Estadão

A recomendação da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), anunciada em dezembro, de que os países destinem pelo menos 30% do financiamento público ao primeiro nível de atenção melhoraria a prevenção, ainda insipiente no Brasil e em numerosas nações do Continente. O impacto desse avanço seria particularmente expressivo no tocante às doenças cardiovasculares, as que mais matam no mundo e em nosso país, onde são responsáveis por 360 mil óbitos anuais.

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A medida, segundo estimativa da OPAS, reduziria entre 20% e 40% o número de internações hospitalares. Serviços de atenção primária de qualidade levam a melhores resultados de saúde e maior expectativa de vida, conforme observa o próprio organismo da ONU, cuja recomendação dá-se no âmbito do Pacto 30/30/30, considerado uma resposta aos desafios lançados pela Comissão de Alto Nível "Saúde Universal no Século XXI: 40 anos de Alma-Ata":  reduzir as barreiras que impedem o acesso à saúde em pelo menos 30% e destinar 30% do financiamento público à saúde primária, até 2030. É importante lembrar que essas metas referem-se à Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada em setembro de 1978, pela OMS, naquela cidade do Cazaquistão, expressando a necessidade de ação urgente de todos os governos nessa área.

Considerando o significado da prevenção, atendimento ambulatorial e atenção primária, é grande a responsabilidade dos governos, mas também da comunidade médica, suas entidades representativas e instituições sociais em geral. Nesse sentido, a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) tem programas aderentes aos conceitos das metas alusivas ao Pacto 30/30/30.

Um deles é o Projeto Infarto, realizado em conjunto com secretarias municipais de saúde. Trata-se da capacitação de médicos das Unidades Básicas de Atendimento (UPAs) e prontos-socorros, para que iniciem o tratamento dos pacientes, de modo correto e imediato, antes do encaminhamento à internação. Os estabelecimentos em que atuam os profissionais treinados registraram redução de 28,8% a 44,6% nas taxas de mortalidade por infarto agudo do miocárdio. Ou seja, reconhecer e atuar sob um protocolo correto aumenta em até cinco vezes as chances de sobrevivência de pacientes que sofrem com esse quadro.

Outro exemplo é o programa de educação a distância realizado em parceria com a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, que está levando conteúdos para médicos de todos os municípios paulistas. Projeto semelhante, realizado em conjunto com a Associação Paulista de Medicina (APM), é dirigido aos universitários. Não há dúvida de que a melhoria da atenção primária e ambulatorial e da prevenção salvaria muitas vidas, reduziria internações, otimizaria o investimento público em saúde e propiciaria melhor atendimento médico-hospitalar à população.

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*José Francisco Kerr Saraiva é médico cardiologista e presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp)

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