Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

MDB adverte: governe com conciliação

PUBLICIDADE

Por Sílvio Ribas
Atualização:
Sílvio Ribas. FOTO: ARQUIVO PESSOAL Foto: Estadão

O "Todos por um só Brasil", documento da Fundação Ulysses Guimarães, o think tank do MDB, divulgado em 25 de agosto último, oferece o primeiro roteiro consistente de proposições para uma candidatura a ser lançada como alternativa a Bolsonaro e Lula nas eleições presidenciais de 2022.

PUBLICIDADE

Antes de definir o nome do candidato ou candidata, o maior partido do país exibe músculos na renhida briga para encarnar a tal terceira via. Para isso, líderes emedebistas reforçam compromissos com a institucionalidade o Estado democrático de direito e fazem um diagnóstico sem eufemismos do conturbado cenário nacional.

O diferencial que o texto elaborado por grupo multidisciplinar com contribuições colhidas de dirigentes da legenda e até de fora dela é uma clara reação do sistema político em favor do resgate da política como solução para problemas graves. Assim, a largada para o debate interno da legenda já acena à coalizão.

Mais do que a atualização de "Uma Ponte para o futuro" (2015), que serviu como plataforma informal do futuro governo Temer, o "Todos" se sintoniza com clamores de uma crise sanitária que está suplantada pela crise econômica e para os dramas da fome e dos riscos à democracia.

Suas páginas martelam a necessidade de recuperar rumo e estabilidade perdidos e "pensar o país" para as próximas gerações. Elas lastimam a volta das graves dificuldades macroeconômicas pré-impeachment de Dilma e os avanços do extremismo, do populismo e do autoritarismo.

Publicidade

"Devolver dignidade à política" se junta lá com a série de encaminhamentos de um "mapa da navegação" do partido. A agenda de reformas econômicas tem como objetivo maior a inclusão social, puxada pelo aprimoramento da educação pública, vista como fator de prosperidade pessoal e coletiva.

O documento vê transferências de renda como papel do Estado de proteger as dezenas de milhões de desfavorecidos, mas as condiciona às metas fiscais e de empregos formais. O apoio à ciência sem viés, à internet massificada e à independência de insumos hospitalares de fora completam uma visão de Brasil sempre viável.

Com intervenção estatal na medida adequada, sem deixar descambar para o desenvolvimentismo, com choque de gestão na máquina pública no rumo da meritocracia e com abordagem racional para a questão da preservação ambiental, considerando Amazônia e recursos hídricos como ativos, o pré-programa de governo moderado do MDB abraça o ignorado óbvio.

No geral, o MDB quer ser o fiador do pensamento majoritário da paisagem partidária, se colocando como PCB, não o velho partidão comunista, mas o Partido do Centro do Brasil. E sua proposta programática e pragmática está assentada na ênfase ao compartilhamento do poder.

Naquilo que descreve como o essencial diálogo entre Judiciário, Executivo e Legislativo, o paper emedebista ensaia defesa ao novo presidencialismo ou semipresidencialismo, já defendido por Temer, que apresenta sua gestão como modelo de articulação íntima entre Parlamento e Planalto.

Publicidade

A Executiva do MDB trabalha pela conciliação, não necessariamente com candidato(a) do partido. A principal aposta interna é a senadora Simone Tebet (MS) - sendo ela e o presidente deputado Baleia Rossi (SP) rostos pró-renovação da sigla. Mas antes de unir partidos em torno do MDB, ela tem antes de unir correligionários em torno de seu nome.

*Sílvio Ribas, jornalista, consultor de relações institucionais e assessor parlamentar no Senado Federal

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.