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Maternidade e carreira

Por Maria Inês Vasconcelos
Atualização:
Maria Inês Vasconcelos. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Como diz o ditado judaico: Deus não podia estar em todos os lugares, por isso fez as mães. Conseguir exercer a tripla função de mãe, mulher e dona de casa, e ainda adequar com a carreira, é um malabarismo que nos exige equilíbrio e autoconhecimento. É preciso muito jogo de cintura para conciliar a agenda profissional com os filhos.

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A maternidade é um grande obstáculo para a carreira das mulheres brasileiras. Segundo pesquisa divulgada pela empresa de recrutamento Catho, as mães deixam o mercado de trabalho cinco vezes mais que os pais. O levantamento também concluiu que 28% das mulheres deixam o emprego após a chegada dos filhos, versus 5% dos homens, apenas.

O preconceito e os entraves culturais são realidades que temos que enfrentar, nessa sociedade regida por um padrão piegas- machista, em que homem sai para trabalhar e volta sendo o rei da casa.

Os tempos mudaram e esse clichê tem que ser modelado, porque a mulher de hoje trabalha, cria os filhos e se não paga todas as contas da casa, divide com o homem o orçamento familiar. Tornamo-nos, igualmente, provedoras. Dando aqui um grito de alerta, podemos dizer que as empresas não são muito parceiras das mães. Mesmo que obedeçam ao mínimo legal e cumpram as normas que as protegem, ainda não facilitam a carreira da mulher.

De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), 50% das mulheres são demitidas até dois anos após a licença maternidade, por exemplo, e poucas chegam às posições de liderança.

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É evidente que existe uma pressão, ainda que travestida, a desfavor da natalidade e com a posição de que a maternidade é onerosa; fora o aspecto da reposição, o direito à amamentação, que encurtada a jornada. E também o fetiche de que a mulher perde o ritmo, sai da cadência e se desatualiza. A maternidade não emburrece.

Segundo estudos da Royal Holloway, durante a gestação, as mães sofrem um aumento das atividades do lado direito do cérebro, o que significa melhora em suas habilidades cognitivas como criatividade e relacionamento interpessoal, aumentam.

Felizmente, há empresas sensíveis à questão da maternidade, apoiando e contribuindo para que as mães possam desempenhar seu papel duplo e ganhando com isso. E a releitura da organização do trabalho, sem dúvida, abriu um leque infinito de possibilidades e um novo olhar para a questão da maternidade. O trabalho hoje é "online" e a tecnologia não tem sexo.

Grandes empresas mundiais que estão atualizadas com a revolução tecnológica, já preferem mulheres-mães em postos estratégicos. São os que desejam que as posições de destaque sejam ocupadas por leoas. Já perceberam através da "analysis" que a mulher- mãe é veloz, decidida e que tem um sentido a mais. Mães também ficam menos a deriva, e perdem menos o rumo. Portanto, dão lucro.

Dizem que a aristocracia da espécie humana está na mulher. Algo genético, antropológico e hormonal. A maternidade é um lugar em que se é plena.

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A perda do conforto de uma crença sem questionamentos é a realidade da mulher. O gestor homem saiu do retrocesso raso que exclui as mães, para reconhecer que a maternidade é um ganho, um predicado a mais.

E quanto aos nossos filhos estes serão sempre nossos parceiros, principalmente se soubermos nos dedicar e mostrar que eles são a melhor parte de nós. E assim, basta ir adiante. Quando saltamos, eles saltam conosco.

*Maria Inês Vasconcelos, advogada trabalhista, especialista em direito do trabalho, professora universitária, escritora

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