Quando deixou o PSDB em 2016 depois de 30 anos no partido, Andrea Matarazzo estava em guerra com João Doria, que então pleiteava disputar a Prefeitura de São Paulo. Na corrida municipal daquele ano, Andrea abriu mão de concorrer pelo PSD e aceitou ser vice na chapa de Marta Suplicy (PMDB), o que na época foi considerado uma jogada de mestre no meio político. Passados três anos do pleito, o ex-vereador, ex-secretário, ex-embaixador e ex-ministro já articula sua candidatura a prefeito no momento que se aproxima de Doria e reconhece que errou ao se aliar a Marta.
Confira a entrevista exclusiva:
Estadão: O sr. tem alguma garantia de Gilberto Kassab, presidente do PSD, de que será candidato à Prefeitura em 2020?
Andrea Matarazzo - Há uma dinâmica nessas coisas. Eu passei 30 anos em um partido (o PSDB) onde eu tinha uma legenda certa (em 2016) quando na última hora o governador me tirou. Faz parte. A garantia que tenho agora é conhecer o Gilberto há muitos anos. Sei a forma como ele promete. Para o partido é importante ter um candidato majoritário em todos os municípios para consolidar o PSD como terceira força política nacional. Na vida a gente só tem certo a morte, mas acredito que, para o PSD, é o melhor caminho.
Estadão: Mas o sr. está trabalhando para ser candidato?
Andrea Matarazzo: Desde que eu estive na Prefeitura como subprefeito eu venho me preparando. Fui vereador para conhecer a Câmara por dentro e a motivação do vereador no dia a dia da cidade.
Estadão: O PSD está na base do governo paulista. Espera que Doria suba no seu palanque?
Andrea Matarazzo: João Doria está no PSDB, que provavelmente terá um candidato. Claro que provavelmente ele não irá entrar em conflito direto com outros candidatos porque o projeto dele é a Presidência da República.
Estadão: Como está a relação de vocês?
Andrea Matarazzo: Está boa. Normal como nos últimos 30 anos
Estadão: Então o sr. não guardou mágoas das divergências que tiveram nas prévias e na campanha de 2016?
Andrea Matarazzo: Não. Guardar mágoa dá câncer.
Estadão: De olho em 2020, Bruno Covas vem se posicionando como uma voz moderada no PSDB e rejeita levantar a bandeira do antipetismo, como faz Doria. Essa narrativa pode colar?
Andrea Matarazzo: As pessoas quando vão disputar eleição já deveriam ter se posicionado há muito tempo.
Estadão: Foi um erro ter sido candidato a vice na chapa da Marta Suplicy em 2016?
Andrea Matarazzo: Na minha avaliação, sim, foi um erro. Eu tinha acabado de sair de um partido (PSDB) e tinha mudado o sistema de financiamento de campanha. Eu faria uma campanha para prefeito sem recursos, então o PSD me pediu para fazer a coligação. Foi um decisão boa? Não. Meu eleitorado me cobrou muito. Mas faz parte do processo. A gente viu naquela eleição a mudança do eleitorado e o início dessa polarização de esquerda e direita.
Estadão: Como explica a derrota da Marta Suplicy (que ficou em 3°) em 2016 e a vitória do Doria no 1° turno?
Andrea Matarazzo: É uma consequência do mal-estar do eleitorado com a classe política e a polarização do PT. Foi uma consequência do desastre do PT no governo federal.
Estadão: O sr. é antipetista?
Andrea Matarazzo: Sempre fui contra o pensamento do PT em sua origem. Então, sim, sou e sempre fui antipetista. Nunca votei no PT. Mas ficar falando do PT é assoprar a brasa para acender de novo. O PT é passado. Ideologizar a discussão na cidade é um erro tremendo que se cometeu muitas vezes.
Estadão: Doria usou essa estratégia e venceu duas vezes...
Andrea Matarazzo: Ele venceu muito por usar que era gestor.
Estadão: Doria é um bom gestor?
Andrea Matarazzo: No governo do Estado está fazendo um trabalho bom. É um bom gestor.
Estadão: E na Prefeitura, ele foi um bom gestor?
Andrea Matarazzo: É uma questão de perfil.
Estadão: Seu discurso em relação a ele mudou...
Andrea Matarazzo: Perfil de Prefeitura é para dentro. Resolver problemas 24 horas por dia. Tem que ter vocação para isso.
Estadão: Em quem votou no 2° turno da eleição presidencial?
Andrea Matarazzo: Não vou dizer. Posso dizer que não votei no PT. Nunca votei no PT. O voto é secreto.
Estadão: Valeu à pena o preço do eleitorado rejeitar o PT votando no Bolsonaro?
Andrea Matarazzo: Bolsonaro tem acerto objetivos, como a reforma iniciada no governo Temer. A área econômica está andando e promete resultado. Mas o presidente faz oposição a si próprio com declarações que jogam areia nos olhos de todo mundo.
Estadão: Qual sua avaliação sobre a gestão Bruno Covas?
Andrea Matarazzo: Um desastre.
Quem é: Subprefeito da Sé (2005-2007) Secretário das Subprefeituras (2008) Secretário Municipal de Serviços (2005/2006)