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Marco Aurélio diz ver 'com perplexidade' decisão da Assembleia do Rio que soltou Picciani

Ao reconhecer que o assunto “fatalmente” será analisado pelo plenário do STF, ministro disse que a lei das leis "não é a Constituição do Rio, mas sim a Constituição Federal"

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Por Rafael Moraes Moura/BRASÍLIA
Atualização:

Marco Aurélio Mello. Foto: Dida Sampaio/Estadão

BRASÍLIA - O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta-feira (17) ao Broadcast Político que viu com "perplexidade" a decisão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) de revogar a prisão do presidente da Casa, deputado Jorge Picciani, do deputado Paulo Melo e do líder do governo, deputado Edson Albertassi, todos do PMDB. A prisão tinha sido determinada na última quinta-feira (16) por decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2)

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Ao reconhecer que o assunto "fatalmente" será analisado pelo plenário do STF, Marco Aurélio disse que a lei das leis "não é a Constituição do Rio, mas sim a Constituição Federal". O Partido Social Liberal (PSL) já anunciou que vai recorrer ao Supremo para anular a sessão da assembleia que derrubou as prisões nesta sexta-feira.

"Estou vendo com perplexidade, agora vamos aguardar os desdobramentos porque acabou um órgão político cassando a decisão de um órgão federal", avaliou Marco Aurélio.

"Isso vai ser julgado fatalmente pelo Supremo, e estou pronto para ouvir os colegas. Colegiado é sempre uma caixa de surpresa, não sei como os colegas vão enfrentar esse tema. É um tema muito delicado", completou.

A Constituição do Estado do Rio de Janeiro prevê que, no caso de flagrante de crime inafiançável, caberá à Assembleia Legislativa deliberar sobre a prisão dos deputados - uma previsão na qual se enquadrariam os três deputados que tiveram a prisão revogada nesta sexta-feira pela Alerj.

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Causou surpresa dentro do STF o "uso político" de uma decisão tomada pela Corte em outubro do ano passado, que abriu caminho para o Senado Federal revogar as medidas cautelares que haviam sido impostas pela Primeira Turma do STF ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). Naquele julgamento, os ministros decidiram que a imposição de medidas cautelares - diversas da prisão - que dificultem o exercício regular do mandato de parlamentares deverá ser submetida ao aval da Casa Legislativa.

"Aquela decisão nada tem a ver com essa situação concreta", comentou Marco Aurélio. "Acima da Constituição do Estado do Rio está a Constituição Federal. Ou seja, a lei das leis do País não é a Constituição do Estado do Rio, é a Constituição Federal."

Nascido no Rio de Janeiro, Marco Aurélio garantiu que não perdeu o otimismo com os rumos do Estado, apesar dos sucessivos escândalos de corrupção que atingiram a assembleia, conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), entre outros.

"É um cenário alvissareiro porque sinaliza dias melhores. Sou otimista por criação", concluiu o ministro.

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