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Marcelo Odebrecht deixa a carceragem da PF

Empreiteiro foi levado em um carro da corporação para a Justiça Federal para colocar sua tornozeleira eletrônica

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Por Julia Affonso e Fabio Serapião
Atualização:

Carro descaracterizado da PF deixa sede da corporação com Marcelo Odebrecht. Foto: Julia Affonso/Estadão

CURITIBA. O empreiteiro Marcelo Odebrecht, preso há 2 anos e meio em Curitiba deixou a carceragem da Polícia Federal (PF) na manhã desta terça-feira, 19. O empresário foi levado em um carro da PF para a Justiça Federal onde vai colocar uma tornozeleira eletrônica e iniciar o cumprimento de sua prisão domiciliar.

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Ele deve seguir de jato para São Paulo, de onde seguirá para sua casa num condomínio no Morumbi, zona sul de São Paulo. Pelo acordo, ele ficará 2 anos e meio em prisão domiciliar com direito a duas saídas por ano com autorização da Justiça. Enquanto estiver em casa, o empresário poderá receber 15 pessoas previamente cadastradas e autorizadas no processo. Além deles, parentes em até 4º grau (primos e tios-avôs) poderão visitá-lo.

 Foto: Fabio Serapião/Estadão

Depois de 913 dias de cárcere, a saída do empresário acontece em um momento em que a Odebrecht busca um substituto para o presidente do conselho de administração, Emílio Odebrecht, pai de Marcelo. Quando a Polícia Federal prendeu o empreiteiro em 19 de junho de 2015, a empreiteira baiana acabara de ultrapassar o faturamento de R$ 100 bilhões pela primeira vez em sua história. O grupo tinha 170 mil funcionários espalhados por quase 30 países.

A saída de Marcelo da prisão tem gerado ruídos na família e na empresa. O empresárioestá proibido de ocupar cargos na companhia até 2025, quando terminará sua pena. Apesar da restrição, quem conhece o executivo classifica seu comportamento como imprevisível. Há temor de que ele constranja antigos aliados a informá-lo sobre o dia a dia do grupo.

A imprevisibilidade fez com que o patriarca da família, Emílio Odebrecht, tomasse medidas públicas às vésperas da saída do filho da prisão: anunciou sua saída antecipada do comando do conselho de administração e a decisão de que os Odebrecht não mais ocuparão a presidência do grupo. As medidas reforçam a tentativa de acelerar o soerguimento do grupo e sinalizam um esforço para blindar os negócios da influência do filho.

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As últimas 24 horas de Marcelo na carceragem da PF em Curitiba permanecer a mesma dos 30 meses de prisão. O empresário acordou um pouco antes do sol nascer, fez exercícios físicos e tomou café da manhã preparado em uma cafeteira localizada no corredor próximo a cela em que o empresário divide com o lobista Adir Assad, também acusado de fazer parte do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

No final da tarde de segunda-feira, os advogados do empreiteiro conversaram com ele para acertar os últimos detalhes da transferência. Nos últimos dias, a saída do de Marcelo chegou a ser dúvida quando o Ministério Público Federal de Curitiba afirmou que precisava avaliar "documentos faltantes" do empresário para saber se ele estava "adimplente com seu acordo" e, assim, receber os benefícios.

O criminalista Nabor Bulhões entregou a documentação à Justiça na segunda-feira e falou ao Estadão sobre o pedido dos investigadores: ""A própria Justiça concordou com os termos quando ele foi assinado. Como a previsão do acordo é aquele seja solto amanhã (hoje), estamos aguardando que isso seja cumprido", disse Bulhões.

Marcelo Odebrecht ficará 10 anos preso. Além dos 2 anos e meio de regime fechado já cumprido e os outros 2 anos e meio de regime domiciliar fechado, o empresário terá que cumprir ainda 5 anos de pena - 2 anos e meio em regime diferenciado, com obrigação de recolhimento noturno e nos fim de semanas e feriados e 2 anos e meio de aberto, com a obrigação de comunicação à Justiça.

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