Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Fausto Macedo e Julia Affonso
Uma figura central das investigações em cooperação do Ministério Público Federal do Brasil com autoridades da Suíça é Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, diretor do grupo. Os promotores suíços querem ouvir Silva Filho nas investigações da daquele País envolvendo um americano e as offshores Smith & Nash Engeneering Company, aberta em Nassau, Arcadez Corp, de Belize, e Havinsur SA, de Montevideu.
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VEJA O DOCUMENTO NA ÍNTEGRAEssas três offshores estão no grupo de 10 empresas do tipo usadas pela Odebrecht, segundo apontam as investigações da Operação Lava Jato, para pagar propinas a ex-diretores e gerentes da Petrobrás.
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A Suíça pediu autorização para realizar diligências no Brasil no âmbito da investigação que conduz sobre corrupção e lavagem de dinheiro supostamente envolvendo a Odebrecht naquele país europeu.
O Ministério Público de Genebra quer ouvir extenso rol de investigados da Operação Lava Jato, inclusive cinco ex-diretores da Petrobrás, dos quais dois delatores, Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Pedro Barusco (ex-gerente de Engenharia).
Os promotores suíços incluíram Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho no grupo de pessoas que pretendem ouvir. As autoridades suíças pedem também cópia de documentos que 'demonstrem o pagamento de valores entre as sociedades componentes do grupo Odebrecht e as empresas Smith & Nash Engineering Co. Inc., Arcadex Corp., Havinsur S/A, Golac Project and Construction Corp., Rodira Holdings Ltd e Sherkson.
O pedido de cooperação jurídica da Suíça chegou ao Brasil via Ministério da Justiça, informa o procurador da República Carlos Bruno Ferreira da Silva, secretário de Cooperação Internacional em exercício da Procuradoria-Geral da República. Em ofício encaminhado ao procurador Daltan Dallagnol, que integra a força-tarefa da Lava Jato, o secretário da Cooperação Internacional descreve a pauta das autoridades de Genebra.
COM A PALAVRA, A ODEBRECHT:
"A Odebrecht considera que o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público Federal (MPF) do Paraná feito hoje é o marco zero do início do trabalho da defesa. A partir de agora, os advogados poderão conhecer as alegações imputadas aos executivos investigados, assim como será possível analisar o conjunto de documentos apresentado pela acusação, o que viabilizará, finalmente, o devido exercício do direito de defesa.
No entanto, as alegações apresentadas pelo MPF, de forma midiática e escandalosa na tarde de hoje, não justificam, em hipótese alguma, a manutenção da prisão arbitrária e ilegal do diretor presidente do Grupo, Marcelo Odebrecht e de quatro ex-executivos. Muito menos justificam a surpreendente decretação de nova prisão preventiva, com a revogação da anterior, num claro movimento para anular os efeitos dos pedidos de habeas corpus perante o STJ.
Sobre o pedido de cooperação enviado pelos procuradores da Suíça, a Odebrecht buscará todos os esclarecimentos junto às autoridades competentes naquele país para que os fatos sejam devidamente apurados. Note-se que enquanto o Ministério Público da Suíça busca informações para ampliar suas investigações, no Brasil os procuradores atribuem aos mesmos dados o peso da mais absoluta verdade. Mais uma vez verifica-se que enquanto o MPF diz que trabalha com fatos, na verdade, vemos juízos de interpretação, suposições e alegações desconexas e descontextualizadas.
Os advogados lamentam a exposição pública de todo o processo e a falta de critérios na divulgação de documentos vazados a conta gotas, sem nenhum pudor, chegando a expor, desnecessariamente, até mesmo as famílias dos executivos."