O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que a 'palavra final' - termo sugerido pelo Juiz Sérgio Moro - sobre indicações na Petrobrás é da Presidência da República, em depoimento no âmbito de ação em que é réu acusado de receber propinas de R$ 3,7 milhões da OAS. Ao magistrado, Lula, no entanto, ponderou que as nomeações passavam por ministérios, inclusive investigações sobre antecedentes dos pretendentes aos cargos, e que vinham, usualmente, dos partidos da base aliada no Congresso.
Durante o interrogatório, ao tratar sobre a parte da denúncia em que o MPF narra o suposto 'comando' dos esquemas na Petrobrás por parte de Lula, o juiz federal Sérgio Moro fez uma série de perguntas sobre o conhecimento que o petista tinha sobre as indicações de diretores à Petrobrás e a respeito dos crimes cometidos contra a estatal.
O ex-presidente negou ter conhecimento dos ilícitos e relação próxima com as indicações políticas na petrolífera. Ele atribuiu aos partidos políticos, bancadas partidárias, e aos ministros a função de indicar nomes, mas admitiu que tinha a 'palavra final', já que, se fosse o contrário 'não precisaria ter presidente'.
"Os diretores da Petrobrás são indicados pelas bancadas e partidos, em acordo com os ministros da área. Isso vai para o gabinete institucional, que faz uma investigação para saber se as pessoas tem algum compromisso, são corruptas, ou se tem passagem pela polícia. O GSI comunica a casa civil, a casa civil passa pela presidência e isso é enviado ao conselho de administração no caso da Petrobrás, para poder indicar as pessoas. E agora, o ministério público poderia fazer um pique para ver como o Temer montou o governo dele".
O ex-presidente também negou ter relação direta com os diretores da Petrobrás.
"A gente [os presidentes da República] não tem reunião com a diretoria da Petrobrás. Eu fui em dois momentos: Para decidir que não ia fazer leilão do pré-sal e para discutir plano estratégico. Você não tem reunião específica com diretor."