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'Lula disse que Jacó não queria vender o sítio', diz Padilha

Ex-ministro da Saúde (Governo Dilma) e das Relações Institucionais (Governo Lula) prestou depoimento nesta sexta-feira, 15, ao juiz Sérgio Moro na ação penal em que ex-presidente é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro

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Por Victoria Abel
Atualização:

 Foto: Jf Diório/Estadão

Como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do sítio de Atibaia, o ex-ministro das Relações Institucionais no governo Lula e da Saúde de Dilma, Alexandre Padilha, relatou ao juiz Sérgio Moro nesta sexta-feira, 15, que Lula e Marisa tinham bastante interesse em comprar o sítio. O dono do imóvel, Jacó Bittar, no entanto, não queria vendê-lo. Para a defesa, o testemunho reforça a tese de que a área não pertencia a Lula e sim à família Bittar, de quem o ex-presidente era próximo, segundo relatos do processo.

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Neste processo, Lula é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Em outra ação, do triplex do Guarujá, Lula pegou 12 anos e um mês de reclusão, pelos mesmos crimes.

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Em visita ao ex-presidente e dona Marisa, em fevereiro de 2014, no apartamento do casal em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), Padilha conta que a ex-primeira dama demonstrou interesse em comprar o sítio de Atibaia. "Marisa disse que estava insistindo com Lula em comprar o sítio de Jacó." No entanto, conforme aponta o ex-ministro, Lula comentou em um dos eventos de campanha de Padilha ao Governo do Estado de São Paulo, também em 2014, que não havia conseguido comprar o local. "Lula disse que Jacó não queria vender o sítio."

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Padilha afirma que as famílias Lula e Bittar eram bastante próximas e presenciou diversas reuniões informais entre eles. O político conta que das três vezes que foi ao sítio em 2013, apenas em uma delas Lula e Marisa não estavam. O ex-ministro também esclarece que em todas as vezes quem o convidou foi Fernando ou Kalil Bittar. "O Fernando Bittar estava em todas a vezes que fui lá e Sr. Jacó estava lá em uma das vezes." Alexandre teve o primeiro contato com família quando estudava na Unicamp, segundo ele.

Também questionado pela acusação sobre as relações de Alexandrino de Alencar, ex-executivo da Odebrecht e delator do caso, com o ex-presidente e o Partido dos Trabalhadores (PT), Padilha afirma que existia proximidade no que diz respeito ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), no qual muitas companhias faziam parte. "Todas as empresas tinham relações institucionais com o governo e ele era o representante da Odebrecht."

O ex-ministro ainda nega que Lula tivesse amizade com Alexandrino de Alencar. "Ele nunca foi uma pessoa citada pelo presidente ou pela dona Marisa como alguém de amizade ou proximidade." Já sobre doações oficiais que o ex-executivo teria feito para sua campanha ao governo de São Paulo, Padilha relata, "Alexandrino estava em uma das reuniões do PT e se comprometeu a fazer doações oficiais para minha campanha."

O caso envolvendo o sítio representa a terceira denúncia contra Lula no âmbito da Operação Lava Jato. Segundo a acusação, a Odebrecht, a OAS e também a empreiteira Schahin, com o pecuarista José Carlos Bumlai, gastaram R$ 1,02 milhão em obras de melhorias no sítio em troca de contratos com a Petrobrás. A denúncia inclui ao todo 13 acusados, entre eles executivos da empreiteira e aliados do ex-presidente, até seu compadre, o advogado Roberto Teixeira.

O imóvel foi comprado no final de 2010, quando Lula deixava a Presidência, e está registrado em nome de dois sócios dos filhos do ex-presidente, Fernando Bittar - filho do amigo e ex-prefeito petista de Campinas Jacó Bittar - e Jonas Suassuna. A Lava Jato sustenta que o sítio é de Lula, que nega.

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