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'Longa manus' de Emílio diz que imóvel comprado por Odebrecht era contrapartida a Lula

Alexandrino Alencar, que era o canal de contato entre o patriarca do grupo e o ex-presidente, afirmou a Moro que R$ 12 milhões reservados para sede do Instituto Lula era 'retribuição' pelo que 'fez no passado', por importância no governo Dilma e pelo futuro político

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Por Julia Affonso , Ricardo Brandt , Luiz Vassallo e Fausto Macedo
Atualização:

 

Foto entregue por delator (de azul) de visita de Lula a Angola, em 2014 Foto: Reprodução

O executivo da Odebecht Alexandrino Alencar afirmou o juiz federal Sérgio Moro, nesta segunda-feira, 5, que os R$ 12 milhões reservados para compra de imóvel para abrigar a sede do Instituto Lula era "contrapartida"

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"Entendo que em retribuição,a contrapartida ao que o próprio presidente Lula fez no passado, em função da importância dele no então governo (Dilma Rousseff) e, também, no futuro político do próprio ex-presidente Lula, na época", afirmou Alencar, um dos 77 delatores da Odebrecht.

O executivo foi ouvido como testemunha de acusação do Ministério Público Federal, no processo em que Lula é acusado de receber R$ 12 milhões em propinas da Odebrecht. O dinheiro seria oculto na compra de um terreno para sede do Instituto Lula, em São Paulo, e de um apartamento no edifício onde mora o petista, em São Bernardo do Campo.

Alexandrino era o principal canal do patriarca Emílio Odebrecht para contatos com Lula. Segundo ele, a "Odebrecht iria adquirir esse imóvel para o Instituto Lula". "Tinha essa disponibilidade de R$ 12 milhões, e esses R$ 12 milhões seria usados para compra da sede do Instituto Lula."

Os delatores explicaram que um terreno chegou a ser comprado, usando a DAG Construtora como laranja, e por orientação de Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, pelo pecuarista José Carlos Bumlai e pelo advogado e compadre do presidente Roberto Teixeira.

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Em sua delação premiada, Alexandrino entregou à força-tarefa da Lava Jato um mapa das "contrapartidas" dadas a Lula pelo "tráfico de influência em benefício da companhia" Odebrecht. Entre eles, a compra do terreno na Vila Clementino, em 2010, objeto desse processo.

 

O negócio acabou sendo desfeito. Alexandrino foi questionado por Moro, sobre o motivo. "Não houve uma afinidade, na época, com os imóveis que estavam disponíveis para venda", explicou.

O executivo diz ter sido acionado pelo presidente afastado do grupo, Marcelo Odebrecht, filho de Emílio, para cuidar do negócio. Ele ter procurado Okamotto, que disse que "não existia interesse por parte do ex-presidente Lula no imóvel".

"Transmiti para Marcelo e ele me instruiu para procurar outras alternativas dentro desse valor de R$ 12 milhões", afirmou o delator. O valor está registrado na "planilha Italiano", que era a contabilidade dos R$ 200 milhões disponibilizados pela Odebrecht para o PT. O ex-ministro Antonio Palocci era o "Italiano", que cuidava do ordenamento de distribuição dos valores.

O juiz da Lava Jato perguntou ao delator se foi explicado o motivo que levou a Odebrecht comprar um imóvel para o Instituto Lula.

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"Entendo que em retribuição."

Alexandrino diz que procurou outros imóveis dentro desse valor e que apresentava as propostas para Okamotto. Citou que chegaram a apresentar cerca de 15 projetos para abrigarem a sede do instituto.

"Eu e Paulo Okamotto", afirmou o delator.

A procuradora da República Isabel Groba quis saber detalhes desses contatos com Okamotto. "Esses estudos fazem parte (da delação)", afirmou.

Lula é réu nesse processo acusado por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em contratos firmados entre a Petrobrás e a Odebrecht. São acusados nesta ação o empresário Marcelo Odebrecht, por corrupção ativa e lavagem de dinheiro; o ex-ministro dos governos Lula e Dilma, Antonio Palocci, e Branislav Kontic, seu ex-assessor, ambos denunciados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro; e, ainda, Paulo Melo, Demerval Gusmão, Glaucos da Costamarques e Roberto Teixeira, por suposta lavagem de dinheiro.

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