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Lobista do PT recebeu 'recompensa' por indicação de Duque

Fernando Moura, amigo do ex-ministro José Dirceu, admitiu mensalinho de US$ 10 mil pela escolha, em 2003, do engenheiro Renato Duque à diretoria de Serviços da Petrobrás

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Duque foi preso nesta segunda-feira, no Rio. Foto: Fábio Motta/Estadão

Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso, Fausto Macedo e Mateus Coutinho

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O empresário Fernando Moura, apontado como lobista do PT e ligado ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Governo Lula), declarou em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato que recebeu pagamentos de US$ 10 mil mensais pela indicação, em 2003, do engenheiro Renato Duque à diretoria de Serviços da Petrobrás. A unidade é estratégica na estatal e se transformou em um dos maiores focos de corrupção e propinas desmantelado pela Lava Jato.

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"Recebia uma 'recompensa' pela indicação de Renato Duque de US$ 10 mil mensais; tais valores eram pagos a cada três meses e tais pagamentos se estenderam durante todo o período em que permaneceu fora do Brasil", afirmou em depoimento, referindo-se à época em que migrou para os Estados Unidos.

Os pagamentos teriam sido feitos pela empreiteira Etesco Construções e Comércios, segundo afirmou Moura em um de seus depoimentos. Nesta segunda-feira, 21, o juiz federal Sérgio Moro homologou a delação do empresário.

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As revelações do lobista do PT

Em 2003, primeiro ano do governo Lula, um dos sócios da Etesco, identificado como Licínio, teria pedido ao lobista que apresentasse Renato Duque a Silvio Pereira, quadro importante do PT na ocasião. "Licínio apresentou Renato Duque para Silvio Pereira; que depois de algum tempo de entrevista, Silvio Pereira dispensou Renato Duque e sinalizou ao declarante (Fernando Moura) que ele Duque) tinha boas chances de ocupar o cargo; que ao receber o sinal verde de Silvio Pereira, o declarante aguardou a comunicação formal da aprovação do nome do Renato Duque e organizou um almoço para comemorar com ele e com os irmãos da Etesco."

"Tão logo confirmada a indicação de Duque, Licínio agradeceu o esforço do declarante e acertou que a Etesco lhe pagaria US$ 30 mil a cada três meses como recompensa pela ajuda na nomeação de Renato Duque; que o declarante tomou conhecimento de que a Etesco já tinha um contrato com a Petrobrás; que depois da nomeação de Duque o contrato se 'multiplicou'; que os porcentuais de tais contratos que eram repassados para o esquema eram iguais aos demais contratos, algo em torno de 3% do valor do contrato."

COM A PALAVRA, A DEFESA DO EX-MINISTRO JOSÉ DIRCEU "A defesa de José Dirceu avalia que a delação de Fernando Moura só confirma que o ex-ministro não foi responsável pela indicação de Renato Duque para a diretoria da Petrobras. Segundo o advogado Roberto Podval, os termos conhecidos do depoimento até aqui também contradizem a própria denúncia do Ministério Público porque em momento algum o delator diz que representava José Dirceu em negócios na Petrobras ou que teria repassado dinheiro ao ex-ministro."

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