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Lobista do PMDB tinha boa circulação entre todos os partidos, diz delator

Paulo Roberto Costa descreve atuação de Fernando Baiano no mundo político e empresarial, e diz que ele era muito próximo de Eike Batista e de empresário amigo de Lula

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Por Redação
Atualização:

Por Mateus Coutinho, Ricardo Brandt e Fausto Macedo

Fernando Baiano faz exame de corpo de delito em Curitiba, na época de sua prisão, em novembro de 2014. Foto: Geraldo Bubniak/AGB

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Em depoimento prestado à Polícia Federal em setembro de 2014, após firmar o acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás afirmou que o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, operava para o PMDB na cobrança de propinas na estatal, mas também tinha boa circulação entre todos os partidos, incluindo o PT. Segundo o delator, o lobista frequentava Brasília "com regularidade" e era muito próximo do empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.

Questionado sobre o lobista, o ex-diretor afirmou que "Fernando Baiano era uma pessoa muito bem articulada, tendo muitos contatos no mundo político e empresarial". Em outro momento, ele afirma que "muito embora Fernando Soares fosse operador do PMDB, tinha uma boa circulação entre todos os partidos, por exemplo, seu amigo José Carlos Bumlai, era uma pessoa muito próxima do PT".

Amigo pessoal do ex-presidente Lula, de quem é anfitrião frequentemente em sua fazenda em Mato Grosso do Sul, Bumlai é um dos maiores pecuaristas do País e já teve seu nome citado em outros escândalos envolvendo o PT. Além dele, outro conhecido empresário brasileiro era "muito próximo" de Baiano, segundo Costa: Eike Batista.

"Além de sua atividade de lobista, sabe que Fernando representou no Brasil uma empresa espanhola chamada Acciona, que construiu parte do porto de Eike Batista em São João da Barra (RJ)". O ex-diretor diz não se recordar se esta empresa firmou contratos com a Petrobrás.

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'Muito rico'. Além dos contatos e da boa relação com o mundo político, Paulo Roberto Costa afirma que não sabe de nenhuma atividade empresarial de Baiano além de sua atuação como lobista, e que ele era "muito rico": "sabendo que tem uma cobertura de 1.200 metros quadrados de frente para o mar na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, no condomínio Atlântico Sul; que sabe que Fernando também tem casa nos Estados Unidos, também casa em Trancoso (BA), também em Angra dos Reis (RJ), assim como lancha na mesma localidade, além de ativos no exterior".

O ex-diretor da Petrobrás cita ainda uma academia de ginástica na Barra da Tijuca e diz que "acredita que tais bens não estejam em nome de Fernando Soares, pois o mesmo não teria como comprovar a origem dos recursos usados para adquirir todos estes bens". Costa diz acreditar que estas propriedades estejam em nome de offshores do lobista.

COM A PALAVRA, A DEFESA:

O criminalista Nélio Machado, que defende Fernando Soares, afirmou que só vai se manifestar sobre o teor dos depoimentos de Paulo Roberto Costa no âmbito de seu acordo de delação após ter acesso à íntegra do teor dos depoimentos. O defensor disse ainda considerar o "fracionamento" das informações da delação de Costa "algo que não se compatibiliza com o processo legal."

O advogado Sérgio Bermudes, que defende o empresário Eike Batista, afirmou que o executivo não tem "nenhuma proximidade" com Fernando Baiano.A reportagem tentou contato com a defesa do empresário José Carlos Bumlai, mas ainda não obteve retorno.

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