O lobista Júlio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou nesta sexta-feira, 22, ao juiz federal Sérgio Moro que repassou propinas no montante de R$ 7 milhões para o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Governo Lula). Segundo Júlio Camargo, a propina foi entregue a Dirceu por orientação do ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque. O pagamento teria sido realizado em duas ocasiões, entre 2008 e 2011.
Dirceu e Duque estão presos em Curitiba, base da missão Lava Jato, acusados de corrupção e lavagem de dinheiro. "Paguei a José Dirceu por solicitação de Renato Duque", afirmou o lobista. "Num determinado momento, Renato Duque me chamou e disse que da nossa conta corrente era para destinar 4 milhões de reais ao ministro José Dirceu."
O juiz Moro, que conduz a Lava Jato, indagou de Júlio Camargo como ele fez o repasse do dinheiro. "Sempre em cash."
O lobista informou que o dinheiro da corrupção saiu de um contrato da Petrobrás com uma fornecedora de tubos. A defesa de Dirceu rechaçou a informação que o ex-ministro tenha recebido valores ilícitos. Segundo Roberto Podval, criminalista constituído por Dirceu, todos os valores recebidos pela JD Assessoria e Consultoria - empresa de Dirceu - são relativos 'a serviços efetivamente prestados, com emissão de nota fiscal'.