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'Lobista' da Odebrecht no Congresso relata encontro com Temer no Jaburu

LEIA O DEPOIMENTO ao TSE de Claudio Melo Filho, que era relações institucionais do grupo com o Legislativo, e relatou como foi acertado os R$ 10 milhões ao PMDB, em 2014, com Temer e Padilha e o repasse da maior parte para Paulo Skaf

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Por Fausto Macedo , Ricardo Brandt , Julia Affonso e Luiz Vassallo
Atualização:

 

 

O diretor de relações institucionais do Grupo Odebrecht no Congresso, Claudio Melo Filho, detalhou em seu depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como foi o encontro com o presidente Michel Temer (PMDB) - na época, vice da presidente Dilma Rousseff (PT) - em 2014 em que foi acertada a contribuição de R$ 10 milhões ao partido, a maior parte para o candidato a governador de São Paulo, Paulo Skaf - presidente da Federação das Industrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

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"Os dois, tanto o sr Eliseu Padilha quanto o sr. Michel Temer falaram da dificuldade do processo eleitoral de 2014, da... da..., que estava crescendo a oposição etc e tal, coisas desse tipo. Em determinado momento, o sr Michel Temer fez uma solicitação ao Marcelo para que a Odebrecht ajudasse as campanhas do PMDB no ano de 2014."

"Lobista" que defende os interesses da Odebrecht no Congresso desde 2004, e representa o grupo em entidades de categoria, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), Melo Filho foi ouvido no dia 6 de março pelo ministro Herman Benjamin, relator da ação contra a chapa presidencial Dilma, presidente, Temer, vice, de 2014.

""Ele (Marcelo Odebrecht) tentou que fosse canalizado integralmente para a campanha do sr Paulo Skaf. Houve uma reação do outro lado", explicou Melo.

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"Ambos (Temer e Padilha) disseram: Marcelo, mas não dá para você contribuir com o PMDB e destinar só para uma pessoa", afirmou o delator.

 

Um dos 78 delatores da Odebrecht, Melo Filho detalhou como foi ao encontro do atual ministro Eliseu Padilha, no Palácio do Jaburu, no carro do presidente afastado do grupo, Marcelo Bahia Odebrecht - preso desde junho de 2015, pela Operação Lava Jato, em Curitiba.

Encontro. O delator deu detalhes de como foi a conversa entre os quatro, na varanda do Jaburu, em que Odebrecht ouviu o pedido de contribuição ao PMDB para a campanha de 2014 e disse que poderia ajudar com R$ 10 milhões.

"Ele me pediu, disse que o sr. Paulo tinha marcado um encontro com ele e com o presidente Michel Temer. Ele me pediu que eu checasse com o sr Eliseu Padilha se esse encontro estava marcado e se ocorreria no dia seguinte."

 

"Eu liguei para o sr Padilha, está no meu dado de colaboração, por volta das 3 (horas) da tarde. Ele me confirmou que a reunião iria ocorrer no dia seguinte, sim, e que seria em torno de um jantar. O Marcelo chegou aqui, tinha algumas agendas próprias dele aqui, que eu não participava, e por volta das 8 horas da noite, também está registrado no meu dado de colaboração, liguei para o sr. Padilha perguntei, disse a ele que Marcelo já estava aqui e se nós já poderíamos ao encontro da reunião que estava marcada. Ele me disse que sim, que o sr Michel Temer não estava lá ainda, mas que a gente poderia ir lá porque ele em breve chegaria."

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Melo disse que no caminho do Jaburu, Odebrecht teria relatado a ele que "já estava apoiando o Paulo e que ele, Marcelo, tinha tomado a decisão de fazer uma ajuda à campanha do PMDB, no ano de 2014, e que aquele valor ele já tinha determinado que eram R$ 10 milhões.

Ele disse o seguinte: que ele iria determinar naquela reunião que todos os R$ 10 milhões fossem canalizados para a campanha do sr Paulo Skaf

 

Melo afirmou ao TSE que opinou ao patrão, informando-o de que ele teria problemas em convencer Temer e Padilha.

"E ele disse: fique tranquilo que eu me viro lá."

Melo descreveu que após a chegada de temer, os quatro foram para a varanda do Jaburu.

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"Os dois, tanto o sr Eliseu Padilha quanto o sr. Michel Temer falaram da dificuldade do processo eleitoral de 2014, da... da..., que estava crescendo a oposição etc e tal, coisas desse tipo. Em determinado momento, o sr Michel Temer fez uma solicitação ao Marcelo para que a Odebrecht ajudasse as campanhas do PMDB no ano de 2014."

 

As revelações também fazem parte da delação premiada de Melo, que foram divulgadas pela imprensa em dezembro de 2016. O delator explicou que Marcelo concordou e disse aos dois peemedebistas que poderia contribuir com R$ 10 milhões.

"Ele (Marcelo Odebrecht) tentou que fosse canalizado integralmente para a campanha do sr Paulo Skaf. Houve uma reação do outro lado", explicou Melo.

"Ambos (Temer e Padilha) disseram: Marcelo, mas não dá para você contribuir com o PMDB e destinar só para uma pessoa", afirmou o delator.

Segundo ele, o empresário então disse que daria R$ 6 milhões para Skaf e "R$ 4 milhões ficaria para o grupo que ficou a cargo definido naquele encontro do sr Eliseu Padilha determinando para onde seria alocado esse recurso".

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