Em sua página no Facebook, Sérgio Avelleda, chefe de gabinete do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), comentou a prisão do ex-presidente da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), Laurence Casagrande, e sugeriu. "Lembrem do reitor Cancellier." A anotação foi postada em 22 de junho, um dia depois que a Polícia Federal deflagrou a Operação Pedra no Caminho e prendeu Laurence e mais 13 investigados por supostos desvios de R$ 600 millhões nas obras do Trecho Norte do Rodoanel.
Luiz Carlos Cancellier, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina a quem Avelleda se refere, suicidou-se no dia 2 de outubro ao se jogar do último piso de um shopping em Florianópolis. Ele era alvo da Operação Ouvidos Moucos, da Polícia Federal, sobre supostos desvios na UFSC.
"Conheço o Laurence Casagrande! Pessoa correta", postou Avelleda, em seguida fazendo citação às afirmações da defesa do ex-presidente da Dersa. "Vejam o que diz a defesa. Ele nunca foi ouvido no inquérito. O primeiro ato do inquérito que ele teve contato foi a sua prisão. Percebam que ninguém o acusa de corrupção, de pedir dinheiro, nada disso."
"Acusação é de assinar aditivos. Aditivos que foram aprovados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento", segue o chefe de gabinete de Covas.
Avelleda se reporta, então, ao emblemático episódio do reitor. "Tempos muito sombrios. Lembrem do reitor Cancellier, da Universidade Federal de Santa Catarina. Preso injustamente em razão da denúncia irresponsável de um desafeto político."
Nesta segunda-feira, 25, a juíza Maria Isabel do Prado, da 5.ª Vara Criminal Federal de São Paulo, prorrogou a prisão temporária de Laurence e de outros seis investigados na Operação Pedra no Caminho. A magistrada destacou que os investigados 'têm superlativo poder de influência econômico e político'.
"Ressalte-se novamente que a investigação cuida da apuração de crimes, em tese, de organização criminosa envolvendo importante empresa pública do Estado de São Paulo, bem como cifras de movimentações financeiras de recursos públicos no patamar de bilhões de reais", destacou Maria Isabel.
"A prisão é necessária, sim, para garantir a proteção das provas ainda não produzidas pela autoridade policial e decorrentes de informações que devem ser obtidas após o competente exame pericial ou documental em curso", afirmou a juíza.