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Leia o relatório da PF sobre Temer no 'quadrilhão'

Declarações de Joesley delator e Funaro doleiro embasam pedido do delegado Marlon Cajado para incluir presidente em inquérito que envolve políticos do PMDB em desvios de verbas no âmbito da Lava Jato

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Por Luiz Vassallo , Breno Pires e Rafael Moraes Moura
Atualização:

Michel Temer. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O relatório do delegado de Polícia Federal, Marlon Oliveira Cajado dos Santos - acolhido pela Procuradoria-Geral da República - que recomendou a inclusão do presidente Michel Temer, do ministro chefe da Casa Civil Eliseu Padilha e do ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, no inquérito do 'quadrilhão' do PMDB, que envolve políticos acusados de desvios de verbas públicas no âmbito da Lava Jato, ressalta a delação do doleiro Lúcio Funaro e gravação de conversa do presidente com o executivo da JBS Joesley Batista como indícios contra os peemedebistas.

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CONVERSAS

O relatório da PF foi produzido em 26 de junho. Ao pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF), na última quarta-feira, 2, para que os três peemedebistas sejam incluídos no rol de 15 investigados - entre eles, parlamentares, ex-parlamentares e assessores do partido - o procurador-geral da República, Rodrigo Janot considerou que a organização criminosa identificada a partir da delação da JBS é apenas um 'desdobramento' da que já era alvo no inquérito do 'quadrilhão'.

O relatório da Polícia Federal que recomendou a inclusão de Temer, Padilha e Moreira Franco no inquérito e embasou o parecer da PGR destacou o áudio gravado por Joesley Batista, em conversa com o presidente, no Palácio do Jaburu, em março.

"Com a deflagração da recente 'Operação Patmos', decorrente da supracitada colaboração premiada, foi possível observar em um dos anexos, conversas entre Joesley Batista e o presidente Michel Temer, onde o primeiro comunica que estaria efetuando os pagamentos a Lúcio Bolonha Funaro e Eduardo Cunha, supostamente, para mantê-los em silêncio acerca dos ilícitos envolvendo atividades da J&F investimentos, além de planos para corromper Juízes e Procurador da República responsáveis pelas ações penais decorrentes das investigações das Operações Sépsis, Cui Bono e Greenfield", ressaltou o delegado da PF Marlon Oliveira Cajado dos Santos.

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O delegado também afirma que, no âmbito da Patmos, em que o doleiro Lúcio Funaro confessou seus crimes às autoridades, 'surgiram novos relatos confirmando as atuações do chamado 'PMDB na Câmara' junto à Caixa Econômica Federal e citando suposto envolvimento de outras pessoas com foro originário no STF, sendo elas, o presidente Michel Miguel Elias Temer Lulia, o ministro chefe da Casa Civil Elideu Lemos Padilha, ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência Wellington Moreira Franco, além de outros nomes'.

Temer foi gravado por Joesley no dia 7 de março. No diálogo, o empresário confessa ao peemedebista pagar mensalidade de R$ 50 mil ao procurador da República Ângelo Goulart a fim de vazar informações de inquéritos de interesse do grupo JBS.

Goulart foi preso preventivamente por suspeita de ser o informante de Joesley. No diálogo, ainda é discutida uma suposta compra do silêncio de Eduardo Cunha, condenado a 15 anos e quatro meses na Operação Lava Jato.

Na mesma conversa, o presidente indica o seu então assessor Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para tratar de qualquer assunto com Joesley Batista.

O ex-parlamentar foi flagrado em ação controlada da PF pegando uma mala de R$ 500 mil do delator Ricardo Saud, da J&F. Segundo a delação dos executivos, o valor seria em benefício de Temer, e entregue de forma semanal, em contrapartida a uma suposta intervenção de Rocha Loures Junto ao CADE em benefício do grupo.

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Rocha Loures está em regime domiciliar e o procurador da República Ângelo Goulart Vilela foi solto pelos ministros da 2.ª Turma do STF, com restrições - por exemplo, não poder entrar em contato com outros investigados e não sair à rua em período noturno.

O delegado Marlon Cajado sugere 'diligências iniciais', entre as quais. "Remeta-se os autos ao excelentíssimo ministro relator Edson Fachin, ao qual represento pela análise da ampliação do rol de investigados de pessoas com foro originário no STF, a saber, o presidente Michel Miguel Elias Temer de Lulia, o ministro-chefe da Casa Civil Eliseu Lemos Padilha, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Wellington Moreira Franco."

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